Irã e Arábia Saudita retomam relações
Irã e Arábia Saudita, países rivais com grande influência no Oriente Médio, concordaram, nesta sexta-feira (10), após uma negociação na China, retomar, no prazo de dois meses, suas relações diplomáticas que foram interrompidas em 2016.
"Após discussões, a República Islâmica do Irã e o Reino da Arábia Saudita concordaram em retomar as relações diplomáticas e reabrir embaixadas e missões nos próximos dois meses", disse a agência de notícias oficial iraniana Irna, citando um comunicado conjunto. A agência de notícias oficial saudita também publicou o texto.
Os ministros das Relações Exteriores de ambos os países "irão implementar esta decisão e tomar as providências necessárias para a troca de embaixadores", acrescentou o comunicado.
A Arábia Saudita cortou relações diplomáticas com o Irã sete anos atrás, depois que cidadãos iranianos atacaram missões diplomáticas sauditas na república islâmica após a execução, em Riade, do clérigo xiita Nimr al Nimr.
Outros países do Golfo se juntaram à Arábia Saudita na época ao decidirem reduzir suas relações diplomáticas com Teerã, incluindo Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrein.
O chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, comemorou no Twitter o retorno das relações entre os dois países.
"O retorno das relações normais entre Teerã e Riade oferece grandes possibilidades para ambos os países, para a região e para o mundo muçulmano", afirmou. O ministério lançará outras iniciativas regionais, acrescentou.
Ali Shamkhani, secretário do Conselho de Segurança Nacional do Irã, viajou para a China na terça-feira para "negociações intensivas com seu homólogo saudita, a fim de finalmente resolver as questões entre Teerã e Riad", reportou a Irna.
Por sua vez, o líder do grupo libanês Hezbollah, que tem o apoio do Irã, classificou o acordo de "avanço positivo". "Poderia abrir novos horizontes na região", declarou Hassan Nasrallah, que costuma ser crítico com a Arábia Saudita.
A Casa Branca também elogiou o acordo, mas disse que ainda é preciso ver se os iranianos "cumprirão suas obrigações".
- 'Nova página' -
O Irã, de maioria xiita, e a Arábia Saudita, de maioria sunita, apoiam rivais em várias zonas de conflito no Oriente Médio.
Teerã tem grande influência no Iraque e no Líbano e apoia militarmente e politicamente o governo sírio. No Iêmen, apoia os rebeldes huthis, enquanto Riade lidera uma coalizão militar pró-governo.
Em sua declaração conjunta, os dois países agradecem à China, à República do Iraque e ao Sultanato de Omã por "terem acolhido" as negociações entre as duas partes, em 2021, 2022 e 2023.
O Iraque, que faz fronteira com os dois países, sediou várias rodadas de negociações entre o Irã e a Arábia Saudita desde abril de 2021.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Iraque comemorou a abertura de uma "nova página" nas relações diplomáticas dos dois países.
Em 2021, a China assinou um amplo acordo estratégico de 25 anos com o Irã em setores tão variados quanto energia, segurança, infraestrutura e comunicações.
"Os três países [Irã, Arábia Saudita e China] declaram sua firme vontade de fazer todos os esforços para fortalecer a paz e a segurança regional e internacional", disse o documento conjunto.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, esteve na China em fevereiro, em uma visita de Estado de três dias. Foi a primeira vez que um líder iraniano viajou para o país asiático em mais de 20 anos.
Nos últimos meses, os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait também retomaram relações diplomáticas com o Irã.
ap/dv/it/mar-sag/pc/an/aa/yr/rpr/mvv
© Agence France-Presse
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