Palestinos na Cisjordânia querem voltar para suas famílias na bombardeada Gaza

"Quem quer voltar para Gaza?": A questão parece sem sentido em meio aos bombardeios israelenses sobre o território palestino. Porém, dezenas de homens bloqueados na Cisjordânia desde o início da guerra querem retornar para ficar com suas famílias.

"Minha mulher está sozinha na Cidade de Gaza sob as bombas com nossos quatro filhos. Têm medo. Não tem água nem comida. Tenho que voltar a Gaza para ajudar", disse desesperado Abdelazim al Arifi, cujos filhos têm entre 7 meses e 9 anos.

O homem de 29 anos estava há nove meses trabalhando em uma fábrica no norte de Israel quando Hamas, no poder em Gaza, atacou o sul do país em 7 de outubro, causando mais de 1.400 mortos, segundo as autoridades israelenses.

Pouco depois, Israel anulou as 18.500 permissões de trabalho concedidas a palestinos da Faixa de Gaza, onde a taxa de desemprego supera 50%. Abdelazim, em situação irregular em Israel, se mudou para a Cisjordânia ocupada.

Cerca de 1.500 trabalhadores procedentes de Gaza se encontram como ele em Jericó, no sul da Cisjordânia, segundo a vice-governadora da cidade, Yusra al Sweity.

A maioria garante que deseja voltar para Gaza, explica.

Israel, que prometeu "aniquilar" o movimento islamita palestino, bombardeia sem trégua o pequeno território, onde 2,4 milhões de palestinos apenas têm acesso a água, eletricidade e comida.

Mais de 10.800 pessoas morreram na Faixa, em sua maioria civis, incluindo mais de 4.300 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

- Medo de "uma notícia ruim" -

"Não sei quando poderão ir", admite a vice-governadora adjunta de Jericó.

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"Se forem ao ponto de controle (a saída da cidade), os israelenses os prenderão. Um transporte deve ser coordenado com os israelenses", explica.

A AFP não obteve de imediato um comentário da administração militar israelense encarregada dos territórios palestinos.

Gaza e Cisjordânia estão separadas geograficamente pelo território israelense e cercadas pelo Exército.

Em Jericó, quase 350 trabalhadores estão alojados em edifícios da Universidade Ao Istiqlal, de onde ouvem os bombardeios em seus telefones.

"Cada vez que o telefone toca, temos medo de receber uma notícia ruim", disse um deles.

Não é melhor estar na Cisjordânia que sob as bombas? 

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"Não nos importa morrer lá. Queremos estar com nossos filhos. Ao menos, se algo acontecer, estaremos juntos", afirma um deles.

"Não dormimos. Não fazemos mais que pensar em nossas famílias", responde outro.

Alguns informam, com fotos, que seus familiares morreram nos bombardeios.

- Rota perigosa -

Wissam Mqout, de 36 anos, está em Jericó com seu pai Ismail, de 55. Eles trabalhavam com construção em Israel.

"Conseguimos obter uma licença (de saída de Gaza) depois de uma investigação das autoridades israelenses. Isto mostra claramente que não temos nada a ver com o Hamas", afirma Wissam.

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Quando consegue falar com sua esposa por telefone, escuta os bombardeios. "Espero morrer a cada minuto", disse ela recentemente. Seu filho de 12 anos lhe perguntou se eles voltariam a se ver algum dia.

Sua mãe, sua esposa e seus seis filhos ficaram no norte da Faixa apesar dos alertas de Israel para que os habitantes seguissem para o sul.

"É muito perigoso pegar a estrada. Não há homens com eles", disse Wissam.

Mohamed Rifi, de 32 anos, prefere ficar na Cisjordânia. "Já não tenho casa em Gaza. Minha família foi levada para o sul, onde está alojada em uma escola (...) Não irei antes de um cessar-fogo".

A vice-governadora de Jericó assegura que "estes homens podem ficar se quiserem". "Ninguém os obriga a partir".

No início de novembro, Israel reenviou a Gaza milhares de trabalhadores palestinos, que em muitos casos disseram à AFP terem sido presos após a anulação de suas permissões.

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© Agence France-Presse

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