Desconhecida colaboradora de Bukele assume como presidente interina de El Salvador

Claudia Juana Rodríguez de Guevara, uma funcionária desconhecida para os salvadorenhos, assume, nesta sexta-feira (1°), como presidente interina em substituição a Nayib Bukele, que buscará a reeleição após obter uma licença do Cogresso. 

Ela foi proposta por Bukele e confirmada pela Assembleia Legislativa para governar nos próximos seis meses, enquanto ele estará em campanha para as eleições de 4 fevereiro, para as quais é considerado favorito graças à sua "guerra" contra as gangues. 

Após ser ratificada pelo Congresso na noite de quinta-feira por 67 votos contra 11, ela não apareceu em público. Também não realizou o juramento, mas o decreto aprovado estabelece que ela deve governar a partir desta sexta-feira. 

Rodríguez de Guevara, de 42 anos, trabalha com Bukele há 10, desde que ele ainda era prefeito. Tem "licenciatura em administração de empresas" e título de "técnica contábil", segundo um currículo publicado em um portal oficial, mas os salvadorenhos praticamente nada conhecem sobre ela. 

- Deixará mesmo o poder? -

Durante sua licença, Bukele "não poderá tomar decisões como a condução política e administriva do aparato estatal, monopólio do uso da força estatal", segundo o texto aprovado pelo Congresso, dominado pela base governista. 

Também não poderá ter participação nos processos de "formação da lei", que ficará a cargo de sua substituta. No entanto, os analistas acreditam que Bukele exercerá o poder nas sombras. 

"Bukele não vai deixar que alguém arruíne o que ele fez e por isso a indicou, é parte do seu círculo de domínio", apontou, por sua vez, a economista e analista Julia Martínez à AFP. 

- Reforma polêmica -

Em setembro de 2021, a Sala Constitucional da Corte Suprema de Justiça, mediante uma interpretação da Constituição, habilitou Bukele a  buscar um novo mandato consecutivo, o que gerou polêmica, pois a Constituição não permitia a reeleição.

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Na sessão de quinta-feira, vários deputados governistas elogiaram os feitos de Bukele, que é extremamente popular por causa da perseguição empreendida contra as gangues iniciada há quase dois anos, mas também houve críticas de opositores. 

"Não se pode dar uma licença para algo inconstitucional", disse a deputada Claudia Ortiz, do partido de centro Vamos. 

- Romper esquemas -

Com grande habilidade para se comunicar e com forte presença nas redes sociais, o mandatário de 42 anos rompeu com a política tradicional desde que ganhou as eleições de 2019, acabando com o bipartidarismo que imperava desde o fim da guerra civil (1980-1992).

Sua popularidade cresceu desde março de 2022 quando declarou guerra contra as gangues que mantinham controle territorial e se financiavam com extorsões e assassinatos de aluguel, após a qual o país começou a recuperar a tranquilidade. 

Amparado em um regime de exceção que permite prisões sem mandado judicial e criticado por organismos de direitos humanos, o governo prendeu mais de 73.000 supostos membros de gangue. Segundo as autoridades, 7.000 inocentes foram libertados. 

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"Deixamos de ser literalmente o país mais inseguro do mundo para ser o país mais seguro da América Latina", vangloriou-se Bukele em um ato no futuro Estádio Nacional. 

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© Agence France-Presse

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