Arcebispo de Manágua pede unidade da Igreja após prisões de sacerdotes

O arcebispo da capital da Nicarágua, cardeal Leopoldo Brenes, pediu unidade à Igreja católica local neste domingo (31), depois da prisão de pelo menos 13 sacerdotes desde 20 de dezembro.

"Quis preparar uma pequenina mensagem para toda a família, uma mensagem de ânimo, de esperança, sobretudo uma mensagem na qual nos unamos fortemente em oração", disse Brenes na catedral de Manágua.

"Às famílias e comunidades que neste momento sentem a ausência de seus sacerdotes ou vivem outro tipo de aflições, quero manifestar minha proximidade. É o momento de buscarmos juntos na oração o consolo de Deus e, na unidade celestial, nossa fortaleza", acrescentou.

Pelo menos 13 sacerdotes foram detidos desde 20 de dezembro na Nicarágua, inclusive um bispo, em meio a uma forte tensão entre a Igreja católica e o governo de Daniel Ortega, segundo religiosos, ativistas humanitários, opositores e veículos de imprensa nicaraguenses no exílio.

"Peçamos ao bom Deus a graça da nossa sabedoria e que nossas palavras e nossas ações deem testemunho daquela paciência que tudo alcança e que a luz de Jesus nos ajude a todos a encontrar os caminhos da concórdia e fraternidade", acrescentou o arcebispo.

Nem o governo do presidente Daniel Ortega, nem a polícia da Nicarágua se referiram às denúncias.

Entre os detidos nos últimos dias está o bispo Isidoro Mora, aumentando para dois os prelados na prisão. O monsenhor Rolando Álvarez, que está detido desde agosto de 2022, foi condenado em 10 de fevereiro a 26 anos por traição à pátria e preferiu ser preso a se exilar.

A relação entre a Igreja e o governo se deteriorou em meio aos protestos de 2018, depois que Ortega acusou religiosos de apoiar os opositores no que considerou uma tentativa de golpe de Estado.

Os protestos com bloqueios rodoviários e confrontos entre opositores e apoiadores do governo deixaram mais de 300 mortos, segundo dados da ONU.

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O bispo Silvio Báez, que saiu da Nicarágua em 2019, denunciou no sábado a "perseguição" contra a Igreja e pediu a solidariedade dos bispos do mundo e da comunidade internacional antes da detenção dos religiosos.

"Eles não são réus, nem delinquentes, mas sim homens de Deus [...]; estamos orgulhosos deles e estaremos juntos deles com a oração até conseguirmos sua liberdade", disse Báez em um vídeo divulgado nas redes sociais na noite de sábado.

"Pedimos à comunidade internacional que seja mais eficaz na pressão" contra o governo da Nicarágua, acrescentou o bispo, que horas antes denunciou no X (antigo Twitter) "uma caçada feroz" contra os religiosos.

Além disso, uma dezena de organizações de nicaraguenses no exílio pediu, neste domingo, ajuda internacional para conseguir a libertação de 120 opositores presos na Nicarágua, assim como dos sacerdotes.

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© Agence France-Presse

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