Israel alerta que guerra contra Hamas continuará 'ao longo' de 2024

Israel alertou que a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza continuará "ao longo de" 2024, após uma véspera de Ano Novo marcada por incessantes agressões ao território palestino sitiado e lançamentos de foguetes em direção a Tel Aviv.

Quase três meses após o início da guerra, desencadeada pelo ataque lançado pelo movimento islamista palestino sobre solo israelense em 7 de outubro, que deixou 1.140 mortos ? segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses ?, o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, anunciou às tropas na noite de domingo (31) que alguns reservistas fariam uma pausa para se prepararem para "combates prolongados".

O Exército "deve planejar com antecedência, pois seremos solicitados a realizar tarefas e combates adicionais ao longo deste ano", declarou.

O grupo islamista também fez cerca de 250 reféns, a maioria dos quais permanece em Gaza, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta ao ataque, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva incessante sobre a Faixa de Gaza, que já deixou 21.978 mortos, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo dados do Hamas, que governa o território palestino desde 2007.

A guerra ainda durará "vários meses", alertou na semana passada o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, pediu nesta segunda-feira (1º) o retorno dos colonos judeus a Gaza depois da guerra e um "incentivo" para os palestinos emigrarem, um dia depois que outro ministro de extrema direita se posicionou de forma similar.

Na véspera de Ano Novo, um correspondente da AFP relatou disparos de artilharia e ataques aéreos nas cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul de Gaza.

Pelo menos 24 pessoas foram mortas nestas ofensivas, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, que também comunicou que 15 corpos de uma mesma família foram recuperados nesta segunda-feira sob os escombros de uma casa bombardeada na noite anterior em Jabaliya, norte de Gaza.

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"Todo dia é como o anterior: bombardeios, morte e massacres", lamentou Sami Hamouda, um homem de 64 anos.

Em várias partes de Israel, sirenes de ataque aéreo soaram no primeiro dia de 2024. Jornalistas da AFP em Tel Aviv testemunharam sistemas de defesa israelenses interceptando foguetes no céu.

"Estou apavorado, é a primeira vez que vejo mísseis", disse à AFP Gabriel Zemelman, um jovem de 26 anos que estava em um bar em Tel Aviv com seus amigos.

As Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas, assumiram a responsabilidade pelo ataque com foguetes M90 realizado em "resposta ao massacre de civis" perpetrado por Israel. O Exército israelense confirmou o ataque sem relatar quaisquer vítimas ou danos.

- 'Pior ano da minha vida' -

Segundo a ONU, 85% da população de Gaza foi deslocada e a situação humanitária é crítica, enquanto os bombardeios continuam. 

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"As condições de vida em Gaza são desesperadoras", disse à AFPTV Mostafa Shennar, um vendedor de café de 43 anos refugiado em Rafah.

"O ano de 2023 foi o pior da minha vida", disse à AFP Ahmed al Baz, um homem de 33 anos que teve de deixar sua casa em Gaza e agora vive em um campo de refugiados improvisado em Rafah.

O cerco total imposto por Israel deixou os habitantes do território palestino com escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível, enquanto os caminhões de ajuda chegam a conta-gotas à região.

Em outro território palestino, a Cisjordânia ocupada, a violência se intensificou desde outubro e, segundo a ONG israelense Yesh Din, os ataques de colonos judeus chegaram a níveis recorde, com pelo menos 10 mortos.

Enquanto isso, mediadores internacionais continuam os esforços para alcançar uma nova pausa na guerra.

Uma delegação do Hamas visitou o Cairo na sexta-feira para discutir um plano egípcio para tréguas, libertação escalonada de reféns em troca da soltura de prisioneiros palestinos e o fim da guerra, disseram fontes próximas ao grupo.

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O conflito também aumentou as tensões no Oriente Médio, tanto na fronteira entre Israel e Líbano quanto no Mar Vermelho.

Um navio iraniano entrou nesta segunda-feira nesta zona marítima, onde os rebeldes huthis do Iêmen, pró-Irã, multiplicaram os disparos contra embarcações comerciais vinculadas a Israel. 

Os Estados Unidos, juntamente com outros países ocidentais, patrulham essa área para proteger o tráfego comercial e os interesses israelenses.

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© Agence France-Presse

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