Rússia bombardeia cidade de Zelensky após incursões armadas em seu território

A Rússia bombardeou, nesta terça-feira (12), a cidade natal do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, matando três pessoas, depois de garantir que havia repelido incursões armadas de combatentes russos pró-Kiev em suas províncias fronteiriças, que deixaram ao menos um morto.

O ataque russo atingiu um edifício residencial em Kryvyi Rih, no centro da Ucrânia, e "matou três pessoas", disse o governador da província de Dnipropetrovsk, Serguei Lisak.

Pelo menos 44 pessoas ficaram feridas, das quais oito se encontram em estado grave -entre elas três crianças-, acrescentou a fonte.

Zelensky assegurou que suas forças vão infligir "perdas ao Estado russo, com todo o direito. O Kremlin deve aprender que o terror não ficará impune".

Na frente diplomática, os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira uma nova ajuda militar de 300 milhões de dólares (cerca de R$ 1,5 bilhão) para atender às necessidades "urgentes" da Ucrânia.

Em uma recepção na Casa Branca para o presidente e o primeiro-ministro da Polônia, Andrzej Duda e Donald Tusk, respectivamente, o presidente americano, Joe Biden, insistiu na necessidade de apoiar Kiev.

"Devemos agir antes de que seja literalmente tarde demais. Porque, como a Polônia lembra, a Rússia não irá parar na Ucrânia", declarou.

- Incursão armada -

Na terça-feira pela manhã, o Ministério da Defesa russo informou que combatentes vindos da Ucrânia tentaram entrar nos oblasts (províncias) fronteiriços de Belgorod e Kursk com tanques e outros blindados.

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Os ataques ocorrem a três dias do início das eleições presidenciais russas, nas quais, sem oposição, espera-se uma nova vitória de Vladimir Putin para um mandato de seis anos.

"Devido à abnegação dos militares russos, todos os ataques dos grupos terroristas ucranianos foram repelidos", informou o ministério, que afirma ter bombardeado o inimigo.

No entanto, o governador do oblast de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, anunciou que um membro da defesa territorial morreu e 10 civis ficaram feridos no ataque.

Moscou, que diz ter infligido grandes perdas ao seu adversário, também relatou um ataque de grupos de sabotadores da Ucrânia contra a cidade fronteiriça de Tyotkino, no oblast de Kursk, que também foi "repelido".

- Depósitos de combustíveis -

A ofensiva em Tyotkino foi reivindicada horas antes no Telegram por combatentes de uma unidade pró-ucraniana chamada Legião da Liberdade da Rússia.

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Esta unidade de voluntários russos, que lutam por Kiev, já fez incursões armadas no passado e anunciou ter cruzado a fronteira russa a partir da Ucrânia. O grupo publicou um vídeo de visão noturna no qual aparecem três veículos blindados circulando.

A unidade assegurou ter "destruído" um blindado russo em Tyoktino e disse que as forças de Moscou saíram "rapidamente" do local.

As autoridades regionais ordenaram o fechamento de escolas da cidade de Kursk até a sexta-feira, anunciou o prefeito, Igor Kutsak.

A incursão ocorreu após um importante ataque com drones ucranianos na madrugada de terça-feira, que atingiu dois depósitos de combustíveis, um deles a centenas de quilômetros da linha de frente.

Um drone também atingiu a prefeitura de Belgorod, cidade próxima à Ucrânia que já foi alvo de ataques, e um centro comercial, sem deixar vítimas, informou o governador Gladkov.

Enfrentando bombardeios russos há mais de dois anos, Kiev costuma responder atacando regiões fronteiriças com artilharia ou drones. As incursões terrestres são pouco frequentes.

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Segundo as autoridades russas, drones ucranianos atacaram Oriol - no oblast homônimo - e Kstovo - no oblast de Nizhni Novgorod - duas cidades a 160 km e 800 km, respectivamente, da fronteira ucraniana.

- Povoado tomado na Ucrânia -

Por outro lado, a Rússia disse que suas forças capturaram a cidade de Nevelske, na província oriental ucraniana de Donetsk, onde Moscou tem feito avanços significativos nas últimas semanas.

O presidente ucraniano, no entanto, garantiu na segunda que o avanço da Rússia havia sido contido e que a situação no front estava muito melhor do que há três meses.

As forças navais ucranianas reivindicaram nesta terça a destruição de um "posto de comando" russo instalado em um petroleiro encalhado no Mar Negro, perto do estuário do rio Dnieper.

O navio também era usado como plataforma de lançamento para pequenos drones sobre a província sul de Kherson, de acordo com as forças navais.

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Zelensky também afirmou na segunda-feira que a Ucrânia está construindo linhas de fortificação de mais de 1.000 quilômetros no front para deter o avanço russo.

Nas últimas semanas, o Exército russo conseguiu alguns avanços no leste da Ucrânia, como na cidade de Avdiivka, que está sob controle de Moscou desde meados de fevereiro.

O Exército ucraniano, porém, enfrenta a lentidão da ajuda ocidental, especialmente dos Estados Unidos, onde os republicanos estão bloqueando no Congresso uma ajuda de 60 bilhões de dólares (298 bilhões de reais) para a Ucrânia.

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© Agence France-Presse

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