A corrida contra o tempo de Rishi Sunak para as eleições britânicas

O primeiro-ministro conservador Rishi Sunak enfrenta a partir desta quinta-feira uma corrida contra o tempo para as eleições britânicas de 4 de julho, com uma grande desvantagem para a oposição trabalhista nas pesquisas de intenção de voto.

Sunak, que está no poder desde outubro de 2022, anunciou na quarta-feira a data das eleições que podem acabar com 14 anos de governos do Partido Conservador.

O chefe de Governo tentou tirar proveito de uma boa notícia anunciada poucas horas antes: a inflação desacelerou em abril, a 2,3% em ritmo anual, a menor taxa desde julho de 2021. Quando Sunak chegou ao poder, o índice era de 11%.

Porém, após 14 anos de governo conservador, período marcado pelo referendo do Brexit e por cinco primeiros-ministros, os britânicos parecem decididos a virar a página e dar uma oportunidade aos trabalhistas, liderados por Keir Starmer.

Após o anúncio de Sunak, uma pesquisa rápida do instituto Survation sobre as intenções de voto mostrou os trabalhistas com sua maior vantagem desde novembro de 2022, com 48%, 21 pontos a mais que os conservadores (27).

A pesquisa, realizada entre quarta e quinta-feira com a participação de mil britânicos, mostra que 43% dos entrevistados afirmaram que Starmer, 61 anos, faria um trabalho melhor que Sunak, 44.

- "Medidas ousadas" -

Estas serão as primeiras eleições em que Sunak aparece como candidato ao cargo de primeiro-ministro. Ele chegou ao poder há menos de dois anos, designado pelos conservadores, após o governo de apenas 49 dias da sua antecessora, Liz Truss.

A população britânica parece desejar uma mudança, decepcionada com a queda do poder aquisitivo dos últimos anos, a deterioração dos serviços públicos, em particular do sistema de saúde, que registra longas filas de espera, ou com o aumento das taxas de juro.

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Mas Sunak, apesar da reduzida possibilidade de vitória segundo as pesquisas, afirmou que vai "lutar por cada voto".

Em sua primeira viagem de campanha, nesta quinta-feira ao centro de Inglaterra, Sunak insistiu no discurso de que é único que adota medidas "ousadas" para garantir a segurança dos britânicos. Ele repetiu que é o único com um "plano claro" que começa a dar frutos, contra os trabalhistas que considera sinônimo de "beco sem saída".

Ele acusou o Partido Trabalhista de conceder uma "anistia" à imigração ilegal, mas afirmou que os voos para expulsar migrantes à Ruanda - uma medida fundamental da sua política migratória - só começarão depois das eleições, caso ele vença.

Sunak também pode apresentar na campanha os dados mais recentes do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), que mostram que a imigração líquida (a diferença entre as chegadas de estrangeiros ao Reino Unido e as saídas) caiu no país em 2023, com 685.000 pessoas, contra 764.000 no ano anterior.

Segundo a primeira estimativa do ONS, 1,22 milhão de pessoas (39.000 a menos que um ano antes) chegaram ao país em 2023, enquanto 532.000 deixaram (+39.000) o Reino Unido.

Starmer afirmou que as eleições gerais são "uma oportunidade para uma mudança positiva".

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"Podemos acabar com o caos, podemos virar a página, podemos começar a reconstruir o Reino Unido e mudar nosso país", completou.

- "Anos difíceis" -

Sunak, que chegou ao poder após várias crises dentro do Partido Conservador, e que agora enfrenta dissensos dentro da legenda, tentou anunciar mensagens positivas na quarta-feira.

"Os últimos anos foram difíceis. Lidamos com a covid e depois com o enorme aumento no custo da nossa energia provocado pela invasão da Ucrânia por (o presidente russo, Vladimir) Putin", disse.

"Mas juntos reduzimos a inflação de 11 para 2% e cumprimos a minha prioridade, o retorno da normalidade. A economia está crescendo novamente, mais rápido que a Alemanha, França e Estados Unidos", disse.

A campanha nos 650 distritos eleitorais dos membros da Câmara dos Comuns começará depois da dissolução do Parlamento, em 30 de maio. 

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Starmer, que parece ter tudo a seu favor para ser o novo primeiro-ministro e que aproximou os trabalhistas das correntes de centro, sucedeu Jeremy Corbyn, defensor de uma ideologia mais esquerdista, na liderança do partido há quatro anos.

psr/jvb/an/fp

© Agence France-Presse

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