'Retornei, mas isso está longe de ser vida', afirma ex-refém do Hamas em Gaza
Shani Goren, uma ex-refém israelense em Gaza, testemunhou nesta sexta-feira (13) sobre a dificuldade que tem em retomar a vida normal durante um evento em Paris com familiares de reféns do kibutz Nir Oz, um dos mais afetados durante o ataque de 7 de outubro do Hamas em Israel.
"Se passaram 343 dias desde aquele sábado em que fui sequestrada em minha casa no kibutz Nir Oz", detalhou Goren durante o evento organizado pelo Crif (Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França) no bairro judeu de Marais, no centro de Paris.
A jovem, que passou 55 dias em cativeiro em Gaza, fez parte do grupo de reféns liberados durante a única trégua de uma semana entre Israel e o Hamas no final de novembro de 2023.
"Meu coração e grande parte de mim ainda estão lá, naquele lugar terrível de cativeiro em Gaza", relatou diante de dezenas de pessoas, incluindo habitantes do kibutz Nir Oz, reunidos atrás de uma faixa que dizia "liberem todos os reféns" e carregando fotos dos cativos, alguns dos quais morreram.
"Retornei, acordo de manhã, durmo à noite, embora na maioria das vezes não consiga, como, bebo. Mas isso está longe de ser vida. Meus amigos mais próximos do kibutz ainda estão lá. Sinto falta deles", continuou Goren, cujas palavras em hebraico foram traduzidas.
"Cada dia é uma eternidade. Eles precisam voltar para casa. Agora", concluiu, enquanto uma pequena multidão gritava: "Arshav" ("agora" em hebraico).
O kibutz Nir Oz, muito próximo da Faixa de Gaza, sofreu um alto custo no ataque do Hamas, com cerca de 30 mortos e mais de 70 pessoas tomadas reféns, várias das quais morreram em cativeiro.
O ataque sem precedentes do Hamas provocou a morte de 1.205 pessoas, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 97 ainda estão em cativeiro em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
A guerra iniciada em resposta por Israel para destruir o Hamas causou mais de 41.000 mortes em Gaza, principalmente de mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do governo do movimento islamista palestino.
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© Agence France-Presse
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