Israel enfrenta onda de indignação após novo ataque contra capacetes azuis no Líbano

Israel enfrenta, nesta sexta-feira (11), uma onda de indignação internacional por ter atacado, pelo segundo dia consecutivo, os capacetes azuis da ONU no Líbano, que pede um cessar-fogo "imediato" na guerra entre o país governado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o movimento islamista Hezbollah.

O Exército israelense, que afirma ter disparado contra uma "ameaça" próxima à posição das forças da ONU, garantiu que está conduzindo uma investigação "em profundidade" para estabelecer os detalhes do ocorrido.

A força da ONU instalada entre o Líbano e Israel, Unifil, afirmou que seu quartel-general sofreu nesta sexta-feira "explosões pela segunda vez em 48 horas" e que dois capacetes azuis do Sri Lanka ficaram feridos, após dois soldados indonésios também terem sofrido ferimentos na véspera. 

O ataque contra as forças da ONU gerou fortes reações a nível internacional. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu a Israel, seu aliado, que pare de disparar contra as forças de paz.

Reunido com seus colegas em uma cúpula no Chipre, o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, instou a comunidade internacional a deixar de fornecer armas a Israel e exigiu "o cessar de todo tipo de violência" contra a Unifil.

Sua homóloga italiana, Giorgia Meloni, considerou esses ataques "inaceitáveis", assim como o presidente francês, Emmanuel Macron, que acrescentou que a França "não tolerará" novos incidentes desse tipo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o incidente constitui "uma violação do direito humanitário internacional", enquanto a Unifil afirmou que essas ações "representam um grande risco para as forças de paz".

Os incidentes ocorrem após Israel intensificar a campanha militar contra a milícia libanesa Hezbollah, aliada ao Irã, em 23 de setembro, e uma semana depois de iniciar incursões terrestres no Líbano.

- Líbano pede cessar-fogo "imediato" -

O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, pediu nesta sexta-feira ao Conselho de Segurança da ONU um cessar-fogo "imediato" entre Israel e o Hezbollah, depois de Beirute ter sido atingida, na quinta-feira, pelo bombardeio israelense mais letal, o qual deixou 22 mortos, desde a escalada do conflito.

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Além disso, o Líbano reportou as mortes de dois de seus soldados em bombardeios israelenses contra o sul do país. 

Mikati pediu que o Exército libanês e as forças de paz sejam os únicos efetivos implantados no sul do país e afirmou que o "Hezbollah concorda", apesar de o grupo islamista ainda não ter se pronunciado a respeito. 

No Líbano, um país mergulhado em uma crise institucional e econômica, o poder e a influência do Hezbollah, que é formado por uma milícia, mas também por um partido político com uma importante representação parlamentar, se consolidaram.

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel há um ano para apoiar o Hamas, que entrou em guerra com os israelenses após o ataque mortal de 7 de outubro de 2023.

Desde então, mais de 2.100 pessoas morreram no Líbano, das quais 1.200 perderam a vida desde a intensificação dos bombardeios israelenses em 23 de setembro, segundo um levantamento realizado pela AFP com base em números oficiais.

A ONU registrou cerca de 700.000 deslocados internos no Líbano devido à violência, e 400.000 pessoas fugiram para a Síria.

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- Alerta antiaéreo no noroeste de Israel -

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, buscam impedir a propagação do conflito em todo o Oriente Médio, depois de o governo israelense prometer responder ao ataque de mísseis lançado pelo Irã contra seu território em 1º de outubro.

Segundo especialistas, os países do Golfo não permitirão que Israel utilize seu espaço aéreo para atacar o Irã.

O conflito entre Israel e Hamas eclodiu após o ataque sem precedentes de milicianos islamistas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável que já matou 42.126 palestinos na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas. As vítimas são majoritariamente civis, segundo dados do ministério da Saúde do território palestino, considerados confiáveis pela ONU.

Desde domingo, as tropas israelenses cercam e bombardeiam a localidade de Jabaliya, no norte de Gaza.

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Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, ao menos 140 pessoas morreram desde o início desta operação.

Após ter enfraquecido o Hamas em sua ofensiva em Gaza, o Exército israelense deslocou, em meados de setembro, a maior parte de suas operações para o Líbano, a fim de combater o Hezbollah e permitir o retorno dos deslocados pela violência em sua fronteira norte.

A poucas horas do início do Yom Kippur, a data mais importante do calendário judaico, sirenes de alerta antiaéreo soaram nesta sexta-feira em várias localidades do noroeste de Israel.

O Exército israelense informou que "cerca de 80 projéteis" foram disparados do Líbano. 

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© Agence France-Presse

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