Prisão perpétua ou uma longa sentença? Garcia Luna saberá seu destino na quarta-feira

Genaro García Luna, ex-secretário de Segurança do México durante o governo de Felipe Calderón, saberá na quarta-feira (16) se o sistema judiciário de Nova York o condenará à prisão perpétua, como pede a acusação, ou a 20 anos de prisão, como sugere sua defesa.

O mais alto funcionário mexicano a sentar-se no banco dos réus do sistema judiciário dos Estados Unidos comparecerá perante o juiz Brian Cogan, na quarta-feira, no Tribunal Federal do Leste, no Brooklyn, para ouvir seu destino, que foi adiado várias vezes.

Em 20 de setembro, a acusação pediu prisão perpétua para o ex-czar das drogas durante o mandato de seis anos de Felipe Calderón (2006-2012), enquanto a defesa pediu 20 anos de prisão, depois que ele foi considerado culpado em fevereiro de 2023 por um júri popular por cinco crimes.

Entre eles, o tráfico internacional de cocaína, protegendo o Cartel de Sinaloa de Joaquín "El Chapo" Guzmán, que está cumprindo pena de prisão perpétua nos EUA.

García Luna "explorou seu poder e autoridade ao aceitar milhões de dólares em subornos de uma organização de tráfico de drogas que ele jurou processar", disse a promotoria, que considera "difícil exagerar a magnitude dos crimes do réu".

Desde sua prisão em dezembro de 2019, García Luna está detido no infame Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn, que já abrigou figuras como o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández - condenado a 45 anos de prisão por tráfico de drogas - e agora o bilionário rapper Sean "Diddy" Combs, acusado de estupro e agressão sexual.

Alguns de seus companheiros de prisão escreveram ao juiz para pedir clemência ou magnanimidade para com ele depois que ele os ajudou a preparar o certificado de ensino médio.

"Ele é uma pessoa que está sempre disposta a ajudar os outros, sempre tira um tempo do seu tempo para nos dar conselhos e nos motivar para que, quando sairmos dessa situação, possamos nos integrar à sociedade", diz um prisioneiro.

As cartas escritas por prisioneiros e familiares em nome do engenheiro mecânico de 56 anos podem não ter muita influência sobre o juiz Cogan, que condenou "Chapo" Guzmán à prisão perpétua em 2019 e em cujo julgamento surgiu o nome de García Luna, que em 2013 foi listado pela revista Forbes como um dos "10 mexicanos mais corruptos".

Continua após a publicidade

- "Honra intacta" -

O ex-funcionário mexicano tentou, em vão, que o julgamento fosse repetido, alegando que ele tem evidências que provam sua inocência.

Em uma carta manuscrita publicada em 18 de setembro, ele sugeriu que o governo do ex-presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador estava por trás de sua condenação.

A carta lamentava que o sistema judiciário dos EUA tivesse usado "informações falsas fornecidas pelo governo do México" e testemunhas com "registros criminais" que ele perseguiu quando era czar antidrogas.

De acordo com García Luna, a promotoria "não apresentou uma única prova ou evidência para provar os crimes" contra ele.

"Minha honra está intacta, não cometi nenhum crime", disse ele.

Continua após a publicidade

Após sua prisão, segundo ele, os promotores de Nova York propuseram um acordo para que ele se declarasse culpado de tráfico de drogas em troca de "enfraquecer" a vida institucional do México em troca de uma sentença leve (6 meses) e "benefícios econômicos", o que ele recusou, disse na carta.

García Luna advertiu que recorrerá da condenação e esgotará todos os recursos legais "até conseguir" sua liberdade.

af/arm/dga/jmo/dd

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

Só para assinantes