Israel diz que Hamas sabe 'exatamente' onde estão os reféns que estaria disposto a libertar
Israel afirmou, nesta segunda-feira (6), que o Hamas sabe "exatamente" quem está vivo ou morto entre os 34 reféns que o grupo islamista palestino disse estar disposto a libertar como parte de um possível acordo por um cessar-fogo em Gaza.
"Eles sabem exatamente quem está vivo e quem está morto", declarou o porta-voz do governo israelense, David Mencer.
"Eles sabem exatamente onde estão os reféns. Gaza não é muito grande", acrescentou.
Um dirigente do Hamas havia indicado no domingo à AFP que o grupo islamista precisava de "cerca de uma semana de calma para se comunicar com os sequestradores e identificar os [reféns] mortos ou vivos".
As negociações indiretas entre Hamas e Israel foram retomadas no fim de semana no Catar, com o objetivo de alcançar um acordo sobre um cessar-fogo e a libertação dos reféns mantidos em Gaza desde o ataque do movimento palestino em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, o qual desencadeou a guerra.
Por enquanto, as conversas parecem estar centradas na libertação dos reféns.
Israel afirmou que não recebeu nenhuma informação sobre o estado de saúde dos 34 reféns mencionados pelo Hamas, que indicou, por sua vez, que são "todas as mulheres, doentes, crianças e idosos" entre os reféns israelenses.
Apesar dos intensos esforços diplomáticos dos mediadores, nenhum outro cessar-fogo foi alcançado desde o único pactuado no fim de novembro de 2023, o qual permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.
- "Não há mais tempo a perder" -
A nova rodada de negociações em Doha ocorre apenas duas semanas antes da posse, em 20 de janeiro, do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que já pressionou o Hamas.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou nesta segunda-feira sua "confiança" em conseguir um cessar-fogo, mesmo que não seja alcançado "nas próximas duas semanas".
Entre os principais pontos de bloqueio até agora estão o caráter permanente do cessar-fogo e o comando de Gaza após a guerra. Israel se opõe a que o movimento islamista, que governa o território palestino desde 2007, volte a administrar Gaza.
O Fórum das Famílias, principal associação de familiares dos reféns israelenses, pediu que um acordo seja alcançado o mais rápido possível: "Não há mais tempo a perder".
"Se o Hamas exige o fim da guerra, como faz desde o começo e continua fazendo, então devemos pôr fim à guerra para trazer de volta os reféns", exigiu Yotam Cohen, irmão de Nimrod Cohen, refém em Gaza.
Em 7 de outubro de 2023, combatentes do Hamas mataram 1.208 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, e sequestraram outras 251, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Dos 251 sequestrados, ainda restam 96 pessoas em cativeiro em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo exército israelense.
A campanha de represálias lançada por Israel em Gaza matou 45.854 pessoas, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
- Violência na Cisjordânia -
Enquanto se aguarda um possível acordo, a violência persiste na Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano de guerra.
A Defesa Civil do território palestino informou nesta segunda-feira que pelo menos 16 pessoas morreram, incluindo diversas crianças, em vários bombardeios israelenses.
O exército israelense anunciou, por sua vez, que três "projéteis" foram disparados contra Israel a partir do norte do enclave, sem deixar feridos.
Na Cisjordânia ocupada, outro território palestino onde a violência se intensificou desde o início da guerra em Gaza, Israel anunciou que três israelenses morreram nesta segunda-feira em um ataque próximo da cidade de Al Funduq.
Dois homens "abriram fogo contra um ônibus e veículos civis", segundo o exército, que acrescentou que uma operação estava em andamento para localizá-los.
"Encontraremos os desprezíveis assassinos e acertaremos contas com eles e com quem os ajudou. Ninguém ficará impune", reagiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
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© Agence France-Presse
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