Premiê britânico diz que Putin terá que iniciar discussão séria
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que o presidente Vladimir Putin terá, "mais cedo ou mais tarde", que "sentar à mesa", após uma reunião de cúpula virtual neste sábado (15) para apoiar uma coalizão disposta a proteger uma eventual trégua na Ucrânia.
Starmer disse aos 26 líderes que participaram do encontro organizado por Downing Street que deveriam se concentrar em como fortalecer a Ucrânia, proteger qualquer cessar-fogo e manter a pressão sobre Moscou.
Embora a Ucrânia tenha demonstrado que é favorável à paz ao aceitar um cessar-fogo incondicional de 30 dias, "Putin é quem tenta adiá-lo", afirmou.
"Minha sensação é que, mais cedo ou mais tarde, ele terá que sentar à mesa e se envolver em uma discussão séria", disse Starmer.
"Se Putin leva a paz a sério, acredito que é muito simples: tem que parar seus ataques bárbaros à Ucrânia e concordar com um cessar-fogo, e o mundo está observando", acrescentou.
Os comandantes militares voltarão a se reunir na quinta-feira (20) no Reino Unido para que a coalizão entre na "fase operacional", disse Starmer.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, anunciou a designação de uma "delegação" com o objetivo de negociar "uma paz justa" com a Rússia, segundo um decreto publicado neste sábado.
Após a reunião de Londres, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que deseja que "a pressão seja clara" sobre Moscou, que "não dá a impressão de querer sinceramente a paz".
Diversos Estados europeus, Ucrânia, Turquia, a Otan, a Comissão Europeia, Canadá e Austrália, entre outros, participaram da cúpula deste sábado.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a Rússia precisa demonstrar "que está disposta a apoiar um cessar-fogo que leve a uma paz justa e duradoura".
Starmer disse que agradece qualquer oferta de apoio, sugerindo a possibilidade de que alguns países pudessem contribuir com logística ou vigilância.
Starmer e Macron expressaram sua disposição de enviar tropas britânicas e francesas para o terreno na Ucrânia, mas a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, confirmou que seu país não enviará soldados para lá.
De qualquer forma, Macron considerou que a Rússia não tem nada a dizer se a Ucrânia "pedir" o envio de "forças aliadas" para o seu país a fim de garantir um eventual acordo de paz, cenário ao qual o Kremlin se opôs firmemente.
- Combates na região de Kursk -
À margem dos esforços diplomáticos, os combates continuaram durante a noite e a Rússia declarou que tomou dois vilarejos no oblast (região administrativa) fronteiriço de Kursk, onde lançou uma ofensiva.
Zelensky negou no sábado qualquer "cerco" às tropas ucranianas em Kursk.
"Nossas tropas continuam contendo os agrupamentos russos e norte-coreanos na região de Kursk", declarou.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que as tropas tomaram as localidades de Zaoleshenka e Rubanshchina, ao norte e ao oeste da cidade de Sudzha, a principal cidade que Moscou recuperou esta semana.
Kiev afirmou que sua Força Aérea derrubou 130 drones de fabricação iraniana lançados pela Rússia sobre 14 províncias ucranianas durante a noite.
Putin pediu às tropas ucranianas cercadas em Kursk que se "rendam", enquanto seu homólogo americano, Donald Trump, fez um apelo para que o Kremlin poupe as vidas dos soldados de Kiev.
- "Tática protelatória" -
Zelensky também acusou no sábado Moscovo de atrasar as conversações sobre uma trégua de 30 dias para reforçar suas posições no campo de batalha.
"Querem uma posição mais forte antes do cessar-fogo", declarou em uma coletiva de imprensa.
Mais tarde, afirmou que "Putin também mente sobre o fato de que um cessar-fogo é supostamente complicado". "Na realidade, pode-se controlar tudo e nós falamos sobre isso com os americanos", apontou o presidente ucraniano na rede X.
Por sua vez, os Estados Unidos nomearam Keith Kellogg como "enviado para a Ucrânia" e ele ficará encarregado de "tratar diretamente" com Zelensky, informou neste sábado o presidente Donald Trump.
Washington exige uma trégua rápida e, nesse sentido, tem pressionado Volodimir Zelensky, enquanto Vladimir Putin mencionou "questões importantes" a serem resolvidas antes de aceitar a proposta de cessar-fogo.
A Alemanha qualificou a resposta de Putin à proposta de trégua feita pelos Estados Unidos como uma "tática protelatória", no melhor dos casos.
No entanto, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, se mostrou na sexta-feira "cautelosamente otimista" sobre a possibilidade de uma trégua, mas reconheceu que ainda há "muito trabalho a ser feito".
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© Agence France-Presse
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