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PMs do Recife protestam e prometem não fazer segurança do Galo da Madrugada

MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Sumaia Villela

Da Agência Brasil

24/02/2017 20h55Atualizada em 25/02/2017 01h52

Na tarde da abertura oficial do carnaval do Recife, policiais militares fizeram hoje (24) uma manifestação em que defenderam que os militares escalados para fazer o policiamento no Galo da Madrugada, que desfila amanhã (25), não compareçam ao serviço.

"Amanhã todo policial de Pernambuco tem que ficar com sua família", disse o presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco, Albérisson Carlos, durante discurso em frente à casa do governador do estado, Paulo Câmara. "Se quisessem a gente trabalhando no Galo, o que custava ter chamado as associações para negociar?"

A manifestação foi organizada por esposas de policiais militares para protestar contra decisões tomadas pelo governo estadual que criminalizam líderes da associação e pelo reajuste salarial que não agradou a categoria. O protesto saiu da Praça do Derby, área central do Recife.

Ontem (23), uma liminar do desembargador José Fernandes de Lemos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), estabeleceu multa de R$ 10 mil para quem tentar obstruir a saída de agentes e viaturas da Polícia Militar (PM) dos quartéis. O juiz acatou pedido da Procuradoria-Geral do Estado, numa tentativa de garantir o policiamento no carnaval, apesar do movimento.

Apesar de ser organizada pelas esposas, os policiais eram maioria na passeata que seguiu pela noite aos gritos de "Não vai ter Galo". A manifestação foi liderada pelos dirigentes da Associação dos Cabos e Soldados Albérisson Carlos e Nadelson Leite. Os dois tiveram pedido de prisão preventiva requerido pelo estado, mas negado pela 1ª Vara Militar.

Atritos 

Desde o fim do ano passado, a relação entre governo e policiais militares de Pernambuco está tensa. Em dezembro, o presidente e o vice-presidente da associação foram presos por crime militar após comandarem uma assembleia que decidiu por paralisação dos policiais. Em resposta, a PM adotou uma “operação padrão” e os agentes deixaram de fazer horas extras. As Forças Armadas reforçaram o policiamento no estado diante da ameaça de greve, mas se retiraram em janeiro deste ano.

Embora a operação padrão siga em vigor, até agora não havia o anúncio da intenção de reduzir o policiamento no carnaval. No dia 21 de fevereiro, a Secretaria de Defesa Social anunciou inclusive que mais de 31 mil policiais vão trabalhar na região metropolitana do Recife no período.

O decreto que organiza o reforço no policiamento da região obriga o cumprimento da jornada de trabalho pelos servidores das polícias Científica, Civil, Militar e Corpo de Bombeiros.

Os líderes da Associação dos Cabos e Soldados questionam o número de policiais divulgado pelo governo e orientam os militares a pedir o pagamento da jornada extra antecipadamente. As lideranças negam que o movimento no carnaval seja grevista. "É um pedido das nossas mulheres para ficar com elas no nosso dia de lazer. Isso não é greve, mas um movimento de segurança pública para o agente de segurança", disse o presidente da entidade.

Reajuste

No último dia 16, o reajuste entre 20% e 40% concedido pelo governo do estado a PMs e bombeiros foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. No entanto, o aumento não contemplou a categoria, que esperava um percentual maior. Além disso, os policiais criticam regras incluídas no projeto de lei que regulamentou o reajuste, como a que condiciona as promoções.

O governo de Pernambuco, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que o grupo de manifestantes não representa o efetivo da Polícia Militar e reiterou que o policiamento estará nas ruas durante todo o Carnaval.

Na última terça, foi publicado no Diário Oficial de Pernambuco um decreto que obriga os mais de 30 mil servidores das polícias Militar, Civil, Científica e Corpo e Bombeiros a cumprirem suas jornadas no período de 10 dias do Carnaval.