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Eike Batista elogia combate à corrupção em depoimento à CPI do BNDES

Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil

29/11/2017 20h00

 O empresário Eike Batista, o presidente da CPI do BNDES, senador Davi Alcolumbre, e o relator, senador Roberto Rocha, durante sessão da comissão no Senado Wilson Dias/Agência Brasil O presidente do Grupo EBX, Eike Batista, disse nesta quarta-feira (29) concordar com as operações de combate à corrupção em andamento, como as propostas pelo Ministério Público, mas que há "erros" em processos. Ao responder a perguntas de senadores na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o empresário disse, sem citar diretamente a Operação Lava Jato, que o "que está sendo feito" nas investigações "é excelente". Ele negou, contudo, que tenha feito doações ilícitas a partidos políticos. No depoimento, Batista afirmou que suas empresas chegaram a ter receitas equivalentes a US$ 34 bilhões e confirmou ter feito doações a partidos, embora tenha rejeitado o título de "filhote" de qualquer legenda. "Eu não sou um rato político, a família nunca foi. Nós criamos projetos para o Brasil. Eu sou um filhote do Brasil, não de nenhum partido. Estou aqui para criar projetos, sempre fui assim e minha família foi assim", afirmou. Beneficiário de empréstimos de cerca de R$ 10 bilhões junto ao BNDES, Eike foi convocado para prestar depoimento à CPI que investiga os financiamentos da instituição. Durante a oitiva no Senado, o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), lembrou algumas vezes da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que o depoente poderia permanecer em silêncio, já que compareceria ao Senado na condição de investigado. Segundo Eike, os financiamentos de cerca de R$ 10 bilhões adquiridos por meio do banco público foram um "pequeno complemento", se comparado aos R$ 120 bilhões de investimentos em infraestrutura e geração de energia recebidos de outras fontes pelo seu grupo. Ele frisou diversas vezes que os repasses do BNDES foram garantidos por bancos privados, que poderiam bancar os projetos se os empréstimos não fossem pagos. "Eu me ressinto bastante com o fato da mídia me colocar como um filhote de não sei que partido. Na verdade, como eu disse, os projetos sempre nasceram de onde não tinha nada. Do zero. Isso é muito importante. Então, eu nunca trabalhei para o governo, não sou empreiteira, nunca tive um recebível de algum projeto de algum governo, projeto social ou de infraestrutura, a não ser os próprios projetos onde eu acessei o BNDES como complemento de um financiamento gigantesco", disse. Linitações Após questionamento do senador Lasier Martins (PSD-RS), o empresário repetiu algumas vezes que estava prestando os "necessários esclarecimentos" ao Ministério Público, e por isso não poderia responder integralmente às perguntas. "...Como brasileiro, acho que o que está sendo feito [pelo] Ministério Público é excelente. Eu acho que o trabalho está sendo feito está correto, mas muitas vezes, nesse processo, [acontecem] alguns erros", afirmou. Quando o parlamentar insistiu para que Eike Batista dissesse os motivos pelo qual foi preso e perguntou se ele admitia ter cometido erros, o depoente voltou a dizer que como estava "prestando esclarecimentos ao Ministério Público, eu tenho limitações, eu não devo [responder sobre isso]". O empresário também evitou responder se quitou, por meio de caixa 2, dívidas da campanha do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, com o marqueteiro João Santana, em 2012, no valor de R$ 5 milhões. Batista confirmou, contudo, doações feitas a partidos políticos, inclusive à campanha do PT em 2012, no valor de R$ 2,5 milhões. "Para outros partidos também [doamos]. Temos isso declarado. Todos os meus recursos sempre foram lícitos. Até porque, desde 2008, quando paguei um cheque para o Imposto de Renda de R$ 1,2 bilhão, a dinheiro de hoje, acho que foi o maior cheque de Imposto de Renda para pessoa física, eu me tornei a pessoa mais inspecionada, vigiada", falou. Ele negou, no entanto, que tenha se tornado um homem da intimidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu comecei a me encontrar [com ele] em 2012, [quando] eu comecei a vir a Brasília [com mais frequência]", disse. O empresário disse ainda as dívidas do seu grupo foram reduzidas, nos últimos três anos, em "praticamente 90%".