Exposição Histórias Afro-Atlânticas apresenta 450 trabalhos em SP
Duas das principais instituições culturais de São Paulo abrem espaço, em iniciativa inédita, para a Exposição Histórias Afro-Atlânticas. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e o Instituto Tomie Ohtake apresentam uma seleção de 450 trabalhos de 214 artistas, do século 16 ao 21, sobre os fluxos de pessoas entre a África, as Américas, o Caribe e a Europa. A exposição coletiva Histórias afro-atlânticas é um desdobramento da exposição Histórias mestiças, realizada em 2014, no Instituto Tomie Ohtake, por Adriano Pedrosa e Lilia Schwarcz, que também assinam a curadoria desta nova mostra, junto com Ayrson Heráclito e Hélio Menezes, curadores convidados, e Tomás Toledo, curador assistente. "É uma exposição que mostra aspectos importantes, não só da história brasileira, mas da história de todos esses territórios atlânticos desde o sul dos Estados Unidos, passando pelo Caribe até a América do Sul, que foram territórios e países que se transformaram de forma bastante significativa a partir da vinda forçada dos africanos escravizados para este lado do atlântico. A exposição mostra o impacto das culturas africanas nessas sociedades e o impacto da presença africana nessas culturas", ressalta o curador assistente Tomás Toledo. Segundo ele, é uma oportunidade para o público poder olhar e entrar em contato com produções que muitas vezes não são exibidas. "Conhecendo artistas com diferentes nacionalidades e dando mais evidência para as produções feitas por negros e negras e trabalhos que tratam dessas temáticas que muitas vezes são esquecidas pela historiografia tradicional da história da arte", acrescenta Toledo. O Brasil é um território central nas histórias afro-atlânticas, pois recebeu aproximadamente 46% dos cerca de 11 milhões de africanos e africanas que desembarcaram compulsoriamente neste lado do Atlântico, ao longo de mais de 300 anos. Também foi o último país a abolir a escravidão mercantil com a Lei Áurea de 1888, que não previu um projeto de integração social, perpetuando até hoje desigualdades econômicas, políticas e raciais. Por outro lado, o protagonismo brasileiro nessas histórias fez com que o país desenvolvesse uma rica e profunda presença das culturas africanas.
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