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Defensoria obtém liminar para libertar jovens presos enquanto jogavam game

Da Agência Brasil*

23/08/2018 13h53

Três jovens de uma mesma família, que foram presos na segunda-feira (20) durante ação das forças militares na zona norte do Rio, devem ser liberados ainda nesta quinta-feira (23). A informação é da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que obteve liminar na Justiça. A defensora Bruna Dutra disse que "a prisão se deu com base em troca de mensagens sobre a operação, feita pelos jovens por meio de um aplicativo de celular".

O trio estava em casa quando foi preso sob a acusação de associação ao tráfico e corrupção de menores, já que havia dois adolescentes no local, pertencentes à família. Segundo Bruna, a revista na residência e a violação das conversas realizadas por meio do celular foram feitas sem autorização judicial. Os jovens alegaram que estavam avisando a amigos e parentes sobre o início da operação, e não a traficantes da comunidade. 

"Os policiais violaram o sigilo telefônico dos aparelhos de celular encontrados. Destacamos, no pedido, que todos os detidos eram integrantes de uma mesma família, que se encontravam recolhidos em sua residência, em razão da operação que ocorria na comunidade, motivo pelo qual não havia qualquer justificativa legal para a violação do domicílio e do sigilo dos dados telefônicos, sem a devida autorização judicial, muito menos para a prisão em flagrante", ressaltou a defensora, em nota. 

A Defensoria Pública visitou as comunidades da Maré e do Alemão na terça e na quarta-feira. A revista nos celulares foi a principal queixa dos moradores.

Relembre o caso

O pai de três irmãos presos na operação alega que os policiais civis entraram em uma casa na favela, sem autorização judicial, agrediram e prenderam cinco jovens, de idades entre 16 e 22 anos, que estavam jogando videogame.

Luiz Soares afirmou que os agentes encontraram em celulares imagens da movimentação dos policiais na favela. As fotos tinham sido enviadas para parentes alertando sobre o risco de confrontos em razão da presença da polícia na região.

“Se matassem ou roubassem, eu seria o primeiro a dizer que iriam presos, mas são inocentes. Eles [policiais] entraram ameaçando, bateram nos meus meninos e algemaram. Minha filha, que estava em casa na hora, me ligou chorando e contando tudo. O máximo que meu filho fez foi me enviar uma foto dizendo que o caveirão [blindado da polícia] estava aqui pegando todo mundo”, contou Soares ao UOL.

A família disse ainda que ficou mais de 24 horas sem saber o paradeiro do grupo. Os pais dos rapazes afirmaram ainda que a casa ficou revirada e que os vizinhos flagraram os policiais tirando fotos do grupo. “Os policiais falaram que eles estavam indo incendiar ônibus. É mentira. Eles foram presos dentro de casa”, afirmou Luiz. Segundo a família, o mais velho trabalha e os demais jovens são estudantes.

Um vídeo gravado por moradores mostra o momento em que os jovens descem o alto do morro acompanhado dos policiais.

Em protesto contra as prisões, um grupo de 60 pessoas fez uma manifestação no interior no Complexo da Penha na noite de terça-feira (21). Com faixas e cartazes, moradores, parentes e amigos pediam a liberação dos jovens e gritavam por justiça.

* Com informações do UOL