Parada do Orgulho LGBTI no Rio pede voto em ideias, e não em pessoas
A Avenida Atlântica, em Copacabana, na zona sul da cidade, passou o domingo (30) colorida e recebeu nove trios elétricos e dezenas de milhares de pessoas que participaram da 23ª Parada do Orgulho LGBTI Rio. Os carros começaram a se organizar na orla por volta das 9h e, ao meio-dia, tiveram início as apresentações culturais. À tarde, as eleições do próximo fim de semana deram o tom, com discursos em defesa do voto compromissado com a causa LGBTI e rejeição às ideias do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro. O presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, defendeu todas as famílias. "Não queremos destruir nenhuma família, queremos que respeitem as nossas. Não queremos sexualizar as crianças, queremos que elas aprendam a respeitar a diversidade", disse Reis na abertura do parada. A fundadora da Casa Nem de acolhimento a pessoas transexuais, travestis e transgêneros, Indianare Siqueira, lembrou que o Brasil é o país que mais mata transgêneros no mundo e, de cima do carro de som, falou contra o ódio, a homofobia e a transfobia. Segundo Indianare, bissexuais, gays e travestis estão todos organizados para "fazer revolução", junto com as prostitutas. No começo da manifestação, a Escola de Divines, curso de formação em moda para travestis e transexuais, do estilista Almir França, presidente do Grupo Arco-Íris, apresentou um desfile com roupas feitas de material reutilizável. As peças foram assinadas pelos estilistas Isabela Capeto, Beto Neves, Bruna Bee, Marcelo Olinto, Denis Linhares e Samuel Abrantes. Os trabalhos serão leiloados e o valor destinado ao Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, à Casa Nem e ao Casarão.
França lembrou que a parada surgiu como um ato político de defesa dos direitos de uma população invisibilizada e discriminada historicamente. "Ao contrário do que se pensa, que a Parada é um holiday (feriado), uma festa, na verdade, a parada é um modelo holiday de fazer política. Talvez seja dos mais modernos no mundo inteiro, no Brasil principalmente." Ele ressaltou que foi, com a parada que se conseguiu criar o contingente que se observa hoje.
"Não é a visibilidade de uma imagem, mas de um quantitativo para discutir política pública. Este ano, mais ainda, porque a gente está indo direto para a disputa do voto. Isso é mais sério", enfatizou. Segundo o Grupo Arco-Íris, o número de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais que se candidataram a cargos eletivos aumentou 386,4%, na comparação com as últimas eleições. Em 2016, foram 37 candidatos que se declararamLGBT e, neste ano, são 180. Para França, é urgente aumentar a representatividade do movimento na política para que a legislação avance e garanta direitos iguais para todos. Almir França afirmou que existe avanço no campo figurativo, mas teme recuos, porque, segundo ele, não há uma política pública autoafirmativa, uma legislação de fato concreta. "Você tem o nome social, já determinado pelo Supremo [Tribunal Federal], mas que pode mudar a qualquer momento. Isso não é definitivo.Como não é uma lei, os cartórios ainda têm dificuldade de acolher a demanda. A união civil também, a qualquer momento pode ser alterado, dependendo de quem vem pela frente." De acordo com França, a principal demanda da população LBGT é a criminalização da homofobia. "Em termos de lei, é necessário urgentemente penalizar a homofobia no Brasil. Esse é o primeiro passo. Não tem outro. A gente não precisa de uma lei que garanta a homossexualidade, ou a bissexualidade, ou a cultura queer. Não. Precisamos de uma lei que criminalize a homofobia. Isso é um fato. Como precisamos de uma lei que criminalize a questão racial, a questão religiosa. Até porque, se você aprofundar de fato a Constituição, isso está lá." A mãe de Mônica Benício, Ângela Azeredo, de 63 anos, foi à parada representar a filha e a nora, Marielle Franco, assassinada em março, no centro do Rio. Ângela disse que, desde o crime, que ainda não foi solucionado, Mônica "correr o mundo por justiça." Ela lembrou que não foi fácil aceitar a sexualidade da filha e destacou que o amor supera o preconceito. Em tom emocionado, Ângela disse que é importante os filhos falarem a verdade com os pais. "No começo, qualquer mãe se assusta. Não vou falar que aceitei numa boa. Tive resistência, porque, até então, desconhecia o que era. No momento em que o filho fala a verdade e você começa a pesquisar o que é e o porquê, vê que não é uma opção, é orientação, ele nasceu assim. Veio de dentro de mim, então, se alguém tiver alguma culpa, sou eu. O meu amor por ela é maior do que o meu preconceito. Eu estou aqui por isso", afirmou.
Holiday de luta
O lema da parada deste ano foi Vote em Ideias, Não em Pessoas. Vote em quem tem compromisso com as causas LGBTI. Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Grupo Arco-Íris, que organiza o evento, Almir França, disse que o objetivo é despertar a comunidade LGBTI para mais engajamento e participação no momento político, escolhendo candidatos que tenham compromisso com as causas que defendam o respeito à diversidade.França lembrou que a parada surgiu como um ato político de defesa dos direitos de uma população invisibilizada e discriminada historicamente. "Ao contrário do que se pensa, que a Parada é um holiday (feriado), uma festa, na verdade, a parada é um modelo holiday de fazer política. Talvez seja dos mais modernos no mundo inteiro, no Brasil principalmente." Ele ressaltou que foi, com a parada que se conseguiu criar o contingente que se observa hoje.
"Não é a visibilidade de uma imagem, mas de um quantitativo para discutir política pública. Este ano, mais ainda, porque a gente está indo direto para a disputa do voto. Isso é mais sério", enfatizou. Segundo o Grupo Arco-Íris, o número de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais que se candidataram a cargos eletivos aumentou 386,4%, na comparação com as últimas eleições. Em 2016, foram 37 candidatos que se declararamLGBT e, neste ano, são 180. Para França, é urgente aumentar a representatividade do movimento na política para que a legislação avance e garanta direitos iguais para todos. Almir França afirmou que existe avanço no campo figurativo, mas teme recuos, porque, segundo ele, não há uma política pública autoafirmativa, uma legislação de fato concreta. "Você tem o nome social, já determinado pelo Supremo [Tribunal Federal], mas que pode mudar a qualquer momento. Isso não é definitivo.Como não é uma lei, os cartórios ainda têm dificuldade de acolher a demanda. A união civil também, a qualquer momento pode ser alterado, dependendo de quem vem pela frente." De acordo com França, a principal demanda da população LBGT é a criminalização da homofobia. "Em termos de lei, é necessário urgentemente penalizar a homofobia no Brasil. Esse é o primeiro passo. Não tem outro. A gente não precisa de uma lei que garanta a homossexualidade, ou a bissexualidade, ou a cultura queer. Não. Precisamos de uma lei que criminalize a homofobia. Isso é um fato. Como precisamos de uma lei que criminalize a questão racial, a questão religiosa. Até porque, se você aprofundar de fato a Constituição, isso está lá." A mãe de Mônica Benício, Ângela Azeredo, de 63 anos, foi à parada representar a filha e a nora, Marielle Franco, assassinada em março, no centro do Rio. Ângela disse que, desde o crime, que ainda não foi solucionado, Mônica "correr o mundo por justiça." Ela lembrou que não foi fácil aceitar a sexualidade da filha e destacou que o amor supera o preconceito. Em tom emocionado, Ângela disse que é importante os filhos falarem a verdade com os pais. "No começo, qualquer mãe se assusta. Não vou falar que aceitei numa boa. Tive resistência, porque, até então, desconhecia o que era. No momento em que o filho fala a verdade e você começa a pesquisar o que é e o porquê, vê que não é uma opção, é orientação, ele nasceu assim. Veio de dentro de mim, então, se alguém tiver alguma culpa, sou eu. O meu amor por ela é maior do que o meu preconceito. Eu estou aqui por isso", afirmou.
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