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Transferência de embaixada é questão técnica, diz diplomata israelense

Yossi Shelley, embaixador de Israel no Brasil - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Yossi Shelley, embaixador de Israel no Brasil Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

30/03/2019 09h19

O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, afirmou à "Agência Brasil" que a transferência de representações diplomáticas estrangeiras de Tel Aviv para Jerusalém deve ser observada sob ponto de vista técnico. Após a decisão dos Estados Unidos de mudar sua embaixada, Paraguai, República Tcheca e outros seguiram na mesma direção. "A discussão toda sobre a embaixada é que se trata de uma questão técnica."

Às vésperas de viajar para Israel, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que pensa em criar um escritório de negócios em Jerusalém. A iniciativa não afasta a possibilidade de futuramente transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.

A viagem do presidente envolve articulações políticas, econômicas, científicas e culturais. A disposição é incrementar as parcerias com os israelenses. Atualmente o Brasil exporta US$ 321,02 milhões e registra US$ 1.168,86 bilhão em importações, com saldo US$ 847,84 milhões favorável a Israel.

O embaixador afirmou que a recepção preparada para o presidente brasileiro é semelhante à oferecida aos primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, em julho de 2017, e ao primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em maio de 2018. "[Será] uma programa de hospitalidade extenso e variado", ressaltou.

Ao desembarcar amanhã em Israel, Bolsonaro e a delegação brasileira serão recebidos pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ele viajará com cinco ministros, senadores e dirigentes de empresas privadas de grande porte.

Tecnologia

Na programação estão previstas a discussão sobre a construção de minissatélites, homenagem à equipe de resgate israelense que veio ao Brasil durante a tragédia de Brumadinho, visita ao museu do holocausto Yad Vasehm e à sala de controle do módulo espacial Beresheet. Israel é hoje um dos países mais avançados do mundo em tecnologia espacial.

"Tanto os Estados Unidos como Israel estão cooperando na área espacial com o Brasil. Isso significa que Brasil e Israel terão cientistas de alto padrão trabalhando juntos, teremos pesquisas tecnológicas avançadas", disse o embaixador.

O presidente Bolsonaro vai visitar a sala de controle módulo espacial que Israel enviará para a Lua. O módulo lunar robótico Beresheet, que significa Gênesis, em hebraico, deverá descer na Lua em 11 de abril. Israel se juntará dessa forma a um clube exclusivo de países que colocaram um módulo robótico na Lua, como Estados Unidos, Rússia e China.

Com um grupo de empresários, estão previstas reuniões para possíveis parcerias, nas áreas de mineração, energia, tecnologia e espacial, em agendas separadas. "Acreditamos em cooperação, em expansão da economia, em achar lugares em que as economias se complementem, em lugares que israelenses ajudem o Brasil e brasileiros ajudem Israel", afirmou o embaixador israelense.

Em seguida, Yossi Shelley acrescentou: "[A meta] é criar mais empregos, aumentar a renda, criar um grande bem-estar para as pessoas dos dois lados."

Holocausto

Bolsonaro visitará o Museu Yad Vasehm, em Jerusalém, no qual estão peças, objetos, fotografias, imagens e som que fazem lembrar o Holocausto, assim como homenagens a não judeus que ajudaram no resgate das vítimas do nazismo.

O presidente homenageará diplomatas brasileiros que arriscaram a vida ao conceder visto e acolher judeus em Hamburgo (Alemanha) e Paris (França) para evitar que eles fossem presos e enviados a campos de extermínio pela Alemanha, durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945).

Bolsonaro prestará homenagens ao embaixador Luís Martins de Souza Dantas (1876-1954) e a Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, mulher do escritor João Guimarães Rosa.

Homenagens

A equipe israelense de socorristas, bombeiros e profissionais de saúde que atuaram durante a tragédia de Brumadinho (MG), em janeiro, na qual morreram 217 pessoas, vai receber da comitiva brasileira um diploma de honra pelo trabalho desempenhado.

Integram a comitiva presidencial os ministros do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Augusto Heleno; da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; das Minas e Energia, Bento Costa Lima; da Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicações, Marcos Pontes. Também irão alguns senadores e o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, também integra a comitiva.