Sem-teto entra em trabalho de parto em prédio de Eike Batista no Rio
Uma mulher entrou em trabalho de parto na madrugada desta terça-feira (14) no prédio Hilton Santos, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, que está ocupado por cerca de 300 sem-teto, segundo informações da Defensoria Pública. Ela foi levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Botafogo e, depois, transferida para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, também zona sul. É o sétimo filho de Fernanda Aldeir, 35, cujo parto foi prematuro.
Os ocupantes aguardam a reintegração de posse marcada para esta terça. Até segunda-feira (13), 63 crianças, sendo três bebês, integravam a ocupação. Os moradores prometem resistir no local. Ao menos 18 carros da Polícia Militar estão posicionados nos arredores.
"Esta madrugada foi muito difícil, do mesmo jeito que está sendo a manhã. Meu bebê nasceu prematuramente devido à insegurança do poder público. Nosso bebê não está bem, está no hospital internado", disse o pai da criança, Carlos Souza, 35.
Segundo relatos, uma parte dos ocupantes saiu do local na madrugada desta terça --a maioria das crianças. O edifício foi invadido no dia 7 de abril. Com cartazes, o grupo pede moradias. "Para que Olimpíada se não temos moradia?", questiona uma faixa.
A reintegração de posse foi determinada pelo juiz Leonardo Alves Barroso, da 36ª Vara Cível. Na noite de segunda-feira, a Defensoria entrou com uma medida cautelar para evitar a desocupação, que acabou sendo negada. Nesta terça, defensores entraram com um agravo de instrumento, que deve ser apreciado depois das 11h.
O imóvel é uma propriedade do Clube de Regatas do Flamengo, arrendado pelo grupo EBX, do empresário Eike Batista, e deveria ter se transformado em um hotel, cuja previsão era que ficasse pronto até a Olimpíada. Por causa da crise enfrentada pelas empresas de Eike, o prédio ficou abandonado, até ser ocupado pelos sem-teto.
Parte do grupo é oriundo de uma ocupação ocorrida mês passado em um prédio da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae). Muitos participaram também da invasão da antiga sede do grupo Oi/Telerj, na zona norte do Rio, cuja reintegração de posse ocorreu em abril do ano passado, marcada por confrontos.
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