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Um terço da campanha de cotado para assumir Saúde veio do setor

De São Paulo

28/09/2015 10h48

Principal nome do PMDB na lista de indicados pela bancada da Câmara para assumir o Ministério da Saúde, o deputado Manoel Júnior (PB) recebeu doação indireta de dois laboratórios e de um plano de saúde em sua campanha no ano passado. Os valores somam um terço do que ele declarou à Justiça Eleitoral.

Conforme relatório de divulgação das contas de campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), essas doações de empresas do setor de saúde foram feitas ao diretório nacional do PMDB ou à campanha majoritária do partido na Paraíba, e depois foram repassadas ao comitê do deputado. Juntas, as empresas deram R$ 355,7 mil à campanha do peemedebista, o equivalente a 33% da receita declarada ao TSE, pouco mais de R$ 1 milhão.

Da Bradesco Saúde, Manoel Júnior recebeu R$ 106 mil. Um repasse (R$ 100 mil) foi feito originalmente ao diretório nacional e outro, à campanha de Vital do Rêgo Filho, então candidato a governador (R$ 5,7 mil). O Biolab Sanus Laboratórios S/A e o Eurofarma Laboratórios S/A doaram, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 150 mil, via diretório nacional do PMDB.

O deputado afirmou que não teve contato com os doadores que fizeram repasses a seu partido. "Não sabia de onde vinha. Recebi do meu partido. Meu partido estava me designando aquilo e eu aceitei de bom grado", afirmou Manoel Júnior. "Biolab? Não sei nem onde fica. Nem lembro que tinha plano de saúde (como doador). Minha preocupação era apenas na prestação de contas."

Na prestação de contas de Marcelo Castro (PI), outro nome apresentado pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), à presidente Dilma Rousseff na semana passada, há um doador ligado à área de saúde, uma clínica radiológica, que repassou R$ 25 mil.

Cotado

Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Manoel Júnior é o nome mais cotado para assumir a Saúde. A divulgação de um vídeo em que o deputado sugere a renúncia de Dilma, além das críticas feitas ao programa Mais Médicos em 2013, colocaram em dúvida esse favoritismo.

No entanto, um ministro próximo à presidente disse ao Estado que ele continua como nome mais provável para substituir Artur Chioro e que as divergências serão superadas. No PMDB, o discurso é o mesmo.

Manoel Júnior diz que suas declarações foram descontextualizadas. Ele afirma ser favorável ao Mais Médicos e que apenas fez ressalvas à "importação" de estrangeiros. "O Mais Médicos é um programa exitoso. O governo conseguiu levar médicos aonde não tinha."

A Saúde é a pasta mais cobiçada pelos aliados por ter o maior orçamento da Esplanada, apesar da previsão do atual titular de que a verba será insuficiente.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".