Com plenário esvaziado, Cunha suspende anulação da reunião do Conselho de Ética
Brasília - No comando de um plenário esvaziado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspendeu no início da tarde desta quinta-feira, 19, a decisão do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ) que, horas antes, havia cancelado a reunião do Conselho de Ética.
"Vou suspender a decisão proferida pelo presidente em exercício", anunciou Cunha ao ver que não teria quórum para votar. "A questão de ordem será acatada e respondida a posteriori pelo 1º vice, de forma a evitar qualquer tipo de decisão que possa afetar o plenário", afirmou o presidente da Câmara. Com isso, o Conselho de Ética poderá retomar sua reunião tão logo termine a ordem do dia.
Cunha foi alvo de uma série de críticas e, muitas vezes, os deputados não o deixaram falar. Em alguns momentos, gritavam "Fora, Cunha!" e "Vergonha!".
A sessão plenária foi esvaziada após um discurso duro da deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). Colocada de pé em sua cadeira de rodas, ela falou cara a cara com o presidente. Seus pares ficaram em silêncio. "Gostar do senhor me fez perceber que o senhor nos chama de imbecis muitas vezes", disse a parlamentar. "O senhor tem que dar exemplo. O senhor não está dando exemplo. O senhor está perdendo, a cada dia, a legitimidade de presidir. O senhor está com medo? É isso que está acontecendo?", questionou Gabrilli. "Chega, senhor presidente. O senhor não consegue mais presidir. Levante desta cadeira, Eduardo Cunha, por favor".
A deputada então convocou os deputados a deixarem o plenário e seguirem para a sala onde ocorria a sessão do Conselho de Ética. Nos corredores, servidores saíram dos gabinetes para aplaudir os parlamentares que abandonaram o plenário. Do PT, partido que se aproximou de Cunha recentemente, integrantes da corrente CNB ficaram em plenário.
Cunha não se pronunciou sobre o assunto. Rouco, tentou levar a sessão adiante em um plenário com poucos parlamentares, a maioria aliados que ficaram em silêncio durante a votação.
"O que se viu hoje foi uma demonstração de absoluta insensatez, de abuso de autoridade de alguém que não compreende que o Brasil inteiro observa as instituições", disse o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). "O fato de hoje derruba de uma vez por todas a autoridade do presidente da Casa. A tentativa de obstruir de forma indevida este trabalho (do Conselho de Ética), ele perde as condições operacionais de tocar o dia a dia do Parlamento. Acho que hoje foi sepultada a presidência de Eduardo Cunha", disse o deputado tucano.
O deputado Hugo Motta (PMDB-PB) saiu em defesa de Cunha. "Está mostrando imparcialidade", disse ao comentar a suspensão da decisão de Bornier. Motta disse ainda que Cunha tem "plena condição de presidir a Casa".
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