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Crise e Fies menor desestimulam entrada de aluno no ensino superior, diz pesquisa

28/03/2016 16h56

São Paulo - A atual crise econômica e as restrições no programa de financiamento estudantil do governo, o Fies, podem frustrar a expectativa de pessoas que concluíram o ensino médio de ingressarem no ensino superior, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular. Entrevistas com pessoas que têm diploma de ensino médio e disseram se interessar por uma faculdade apontaram que, para 41% dos ouvidos, a crise desestimula o ingresso no ensino superior. A crise do Fies também é vista como um fator que atrapalha os planos.

Segundo o Data Popular, entre os entrevistados que conheciam a crise do Fies (95% do total), 55% acreditava que ela é um fator que atrapalha os planos de estudar. Os dados foram apresentados durante um evento do setor de ensino superior privado, promovido pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), em São Paulo.

Embora a faculdade seja classificada como o "maior sonho" por 32% das pessoas ouvidas, os potenciais alunos do futuro enxergam dificuldades de curto prazo para atingir esse objetivo, afirmou o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.

A pesquisa identificou que, principalmente entre os mais jovens, com 18 a 24 anos, existe a expectativa de contar com bolsas ou financiamento para estudar. Entre esses jovens, apenas 50% esperam contar com o Fies para ingressar no ensino superior.

O levantamento aponta ainda que a dependência de bolsas ou financiamentos ocorre num cenário em que o público-alvo das universidades privadas tem dificuldade de se planejar para pagar os estudos. Ao todo, 66% não têm um planejamento financeiro para poder estudar.

O financiamento estudantil privado, porém, não é visto ainda como uma alternativa possível. Entre os mais jovens, apenas 3% têm a intenção de obter esse tipo de financiamento com bancos e, para os que têm mais de 24 anos, esse indicador é de 4%. "As respostas indicam que eles temem os juros abusivos e temem não ter o crédito aprovado", afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

Apesar do impacto negativo da crise, Meirelles avalia que o temor da crise não "desmobiliza" esse público potencial das universidades. De acordo com ele, uma pesquisa qualitativa indica que esse público ainda é otimista com relação ao seu sucesso no futuro, o que é um sinal de que haveria espaço para retomar os planos de estudar em algum momento.