Candidato a vereador, líder de invasores é suspeito de ter apoio do PCC
A associação reúne cerca de 300 famílias que invadiram um terreno às margens da Represa do Guarapiranga, no Jardim São Rafael, zona sul. Segundo o apurado pelo Ministério Público em ação civil pública, Manolo pressiona as famílias a pagar até R$ 15 mil pelo lote invadido e expulsa quem não tem condições de arrumar o dinheiro.
Para o MPE, Manolo age como "xerife do lugar". Seu nome apareceu também na investigação do Departamento de Narcóticos (Denarc) que apura o tráfico de drogas na Cracolândia, no centro. Em agosto, 32 pessoas foram presas em uma operação da polícia. Entre elas, três líderes do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS) que usariam o prédio do Cine Marrocos como ponto de encontro para reuniões da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e também como depósito de armas e drogas.
No local, foram encontrados fuzis, escopetas, pistolas, facões, munições e mais de 30 quilos de crack, cocaína e maconha. O caso está na 26.ª Vara Criminal, que deve receber a denúncia do Ministério Público contra os presos nesta semana. O suposto envolvimento de Manolo com o crime organizado é apurado em um desdobramento dessa investigação.
Escutas
Durante a apuração, escutas telefônicas flagraram Robinson dos Santos, Wladimir Ribeiro Brito e Lindalva Silva - líderes do MSTS e, segundo a polícia, ligados à cúpula do PCC da região central - conversando sobre como conseguir votos para Manolo entre os invasores do Cine Marrocos e entre criminosos dos bairros de Heliópolis, na zona sul, e Vila Prudente, na zona leste. Os três foram presos pelo Denarc.
Em conversa gravada em maio, Santos aparece conversando com um traficante conhecido como Facioli, que também foi preso e é, segundo as investigações, o "sintonia final" do PCC no centro de São Paulo. Os dois combinam um churrasco com Manolo para apresentá-lo a outros bandidos, chamados de "irmãos", que se comprometeriam a trabalhar na campanha eleitoral do candidato do PCdoB.
Em outra conversa, os dois falam sobre um salário de R$ 5 mil que receberiam de Manolo por trabalhar na campanha. Eles se mostram satisfeitos com o fato de o líder comunitário ter se comprometido a pagar R$ 100 para cada família do Cine Marrocos que votasse nele. O valor seria abatido da mensalidade de R$ 200 que cada família pagava ao MSTS.
O Estado não localizou Manolo. Na sexta-feira, a reportagem esteve na Associação Minha Casa Meu Doce Lar, mas ele não estava. Também não conseguiu localizá-lo por meio de seu partido ou de seu advogado.
O secretário-geral do PCdoB, Fernando Henrique Borgonovi, informou que o partido já havia instaurado um procedimento interno para apurar denúncias de ligação de Manolo com supostas atividades irregulares. O processo está em andamento. "Temos todo o interesse em esclarecer esses fatos e, se houver novidades, podem ser tomadas medidas estatutárias e legais contra ele." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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