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Deputados alegam falta de liderança de Serraglio, e nomeação divide PMDB

Em Brasília

23/02/2017 18h47Atualizada em 23/02/2017 22h38

A indicação do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça tem causado desconforto dentro do PMDB da Câmara. Deputados externaram preocupação com a pouca influência que paranaense tem sobre a bancada do PMDB e a dificuldade de reverter sua nomeação em apoio à agenda de Temer.

"Por mais que se diga que (o partido) está reunido em torno de um nome, não é assim que funciona. O ministro Osmar terá que provar ao presidente Temer que será capaz de dar os votos do PMDB para aprovar as reformas", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Para o deputado, não existe consenso quando se fala em PMDB, e uma das dificuldades que o novo ministro vai enfrentar é unificar o partido.

O Ministério da Justiça era uma pasta do PSDB, e a nomeação de um peemedebista deveria fortalecer a bancada e trazer apoio para as votações das reformas de Temer, como a da Previdência e a trabalhista, que já estão em discussão na Câmara. No entanto, entre os deputados do PMDB, a leitura é de que Serraglio não é uma forte liderança na bancada. Eles duvidam da capacidade de Serraglio de converter votos.

A nomeação também causou desentendimentos com o líder da bancada, Baleia Rossi (PMDB-SP). Isso porque a maior parte dos deputados não estava ciente da escolha de Temer, mas o líder da bancada, que teria sido avisado, não discutiu a questão com os demais nem transmitiu ao presidente a insatisfação da bancada.

Já a manifestação mais indignada veio de Fábio Magalhães (PMDB-MG), vice-presidente da Câmara, que se revoltou com o fato de Temer não ter escolhido um mineiro para a vaga na Justiça.

"Estou rompendo com o governo e vou colocar toda a bancada de Minas para romper também. Se Minas Gerais não tem ninguém capacitado para ser ministro, não devemos apoiar esse governo. Vou trabalhar no plenário contra o governo, para derrotar o governo em tudo. A vice-presidência da Câmara vai ser um ponto de apoio aos que não estão contentes com o governo", afirmou Ramalho em entrevista ao Broadcast Político.

Agradecimento

Apesar das divergências, Osmar Serraglio mandou uma mensagem ao grupo de WhatsApp da bancada peemedebista da Câmara em que pede que os colegas "confiem" no trabalho que ele fará no Ministério da Justiça. Em postagem na tarde desta quinta-feira, ele se diz grato à bancada e ao líder do partido, Baleia Rossi (SP).

"Sou grato à Bancada do PMDB - que integro por cinco mandatos - e ao líder Baleia, cujo esforço permitiu garantir esse espaço aos companheiros, porque, confiem, estarei sempre à sua disposição", afirmou.

Serraglio disse agradecer principalmente ao presidente Michel Temer pela confiança que, "através do meu nome, empresta à Bancada".

"Da mesma forma que me ombreei com os peemedebistas da CCJ, contem comigo", encerra o Serraglio, numa referência à gestão dele à frente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa no ano passado.

Divergências

Essa é mais uma das divergências que o PMDB e o governo têm enfrentado nesta semana. Nessa quarta, 22, o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), protagonizou desentendimento público com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco (PMDB-RJ).

Enquanto Moreira afirmou em entrevista ao jornal Valor que o PMDB não fechará questão na votação da reforma da Previdência, Jucá respondeu em nota que nenhuma posição havia sido tomada pela bancada ainda, mas que havia possibilidade de fechar questão. A expressão significa formar um acordo para que todos os deputados votem a favor do projeto, com risco de punição àqueles que descumprirem o combinado.