Com menos verba, escolas de samba do Rio estudam cancelar ensaios técnicos
Esses ensaios, realizados nos finais de semana anteriores ao carnaval, têm entrada gratuita e para muitos foliões são a única chance de ver sua escola preferida. Para os dias de desfile oficial - fora as arquibancadas populares, cujos ingressos são vendidos a R$ 10 e costumam ser revendidos por cambistas a cerca de R$ 50 - o convite mais barato custa R$ 220.
O gasto da Liga das Escolas de Samba do Rio (Liesa) com os ensaios técnicos é de aproximadamente R$ 4 milhões por temporada, segundo a entidade. Além disso, cada escola gasta de R$ 150 mil a R$ 200 mil em cada uma dessas exibições, estimou o presidente da Mangueira, deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PTN). Cada escola faz um ensaio por carnaval. Desfilam nesse período 26 escolas - 13 do Grupo Especial e 13 da Série A, correspondente à segunda divisão.
Segundo o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, os ensaios técnicos só serão realizados se a entidade conseguir patrocinadores. "Se a Liga não conseguir patrocínio, não tem como fazer. Está (suspenso) sim", afirmou Castanheira à imprensa.
"Não vai ter ensaio técnico. Cada ensaio custa para as escolas de R$ 150 mil a R$ 200 mil. Não temos como arcar com isso quando há corte de verbas", afirmou Chiquinho da Mangueira ao site G1 após a reunião desta segunda-feira. Horas depois, após ser alvo de muitas críticas pelas redes sociais, a escola voltou atrás e informou, por meio de nota, que "a possibilidade de não serem realizados os ensaios técnicos (...) ainda será decidida em comum acordo pela Liesa e por todas as escolas, com base na viabilidade financeira de cada agremiação. A Mangueira acatará a decisão do colegiado em realizar ou não o ensaio técnico na Sapucaí, porém não deixará de apresentar sua alegria pelas ruas. Uma alternativa será levar seu ensaio técnico para outro lugar, com custos operacionais viáveis e aberto a toda a nação mangueirense e aos foliões da cidade".
Os ensaios técnicos reúnem todas as alas da escola, na ordem em que serão apresentadas no desfile oficial, mas sem fantasias nem carros alegóricos. O objetivo inicial era permitir às escolas avaliar o andamento e o canto das alas, para corrigir eventuais defeitos antes da exibição definitiva. Desde a década passada, os ensaios se tornaram opção de lazer bastante procurada por cariocas e turistas, que lotam o sambódromo às sextas, sábados e domingos. Até 2012, cada escola podia fazer dois ensaios técnicos antes do carnaval. A partir de 2013 cada escola passou a fazer um único ensaio. A última escola a se exibir é a campeã do ano anterior - em 2018 os ensaios técnicos seriam finalizados com Portela e Mocidade Independente, portanto.
Outras decisões
Além da polêmica em função do ensaio técnico, a reunião desta segunda-feira definiu que cada uma das 13 escolas da elite receberá da prefeitura R$ 1 milhão, em parcelas a serem pagas de julho a novembro, e que a Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur) tentará conseguir patrocínio particular para repassar mais R$ 500 mil a cada escola. "A Riotur garantiu que já está em negociação com patrocinadores para conseguir os R$ 6,5 milhões de complemento", afirmou Castanheira.
Ainda que esses R$ 500 mil sejam confirmados, o valor oferecido pela prefeitura às escolas para o próximo desfile vai diminuir R$ 500 mil em relação ao carnaval passado, quando foram pagos R$ 2 milhões.
"Chegamos a uma equação com a prefeitura. Agora as escolas terão de fazer um exercício forte para reverter o atraso que esse impasse causou. Elas vão ter de se reestruturar no limite do razoável. Não vai ser fácil, mas as escolas vão fazer um esforço e vamos fazer um belo espetáculo", disse o presidente da Liesa.
Para reduzir os gastos, a Liga estuda diminuir o número de carros alegóricos por escola - atualmente cada uma precisa desfilar com pelo menos cinco e no máximo seis alegorias.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.