Topo

PF prende também coordenador de Defesa Civil de Salvador

Julia Affonso, Fausto Macedo e Beatriz Bulla

São Paulo

08/09/2017 11h38

Além do ex-ministro Geddel Vieira Lima, a Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (8), em mais uma fase da Operação Cui Bono, um desdobramento da Lava Jato conduzido pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal, o coordenador-geral da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Ferraz, que também é do PMDB e foi assessor de Geddel. Ferraz foi indicado pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, para coordenar a defesa civil da capital baiana em janeiro deste ano.

Gustavo Ferraz é apontado pela PF como ‘pessoa ligada a Geddel Quadros Vieira Lima, tendo sido, inclusive, indicado por ele para buscar, em 2012, valores ilícitos remetidos por Altair Alves, emissário de Eduardo Cunha’.

As ordens de prisão foram expedidas pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª. Vara Federal, de Brasília. Na decisão, o magistrado aponta indícios de que os ‘valores vultosos estavam sendo mantidos escondidos no supracitado apartamento por Geddel Quadros Vieira Lima, com o auxílio direto de Gustavo Pedreira do Couto Ferraz’.

De acordo com a PF, há a existência de fortes indícios de que tal numerário ilícito pertence realmente a Geddel Quadros Vieira Lima, uma vez que no local foi encontrada uma fatura em nome de Marinalva Teixeira de Jesus, pessoa detentora de vínculos empregatícios com o Sr. Lucio Vieira Lima, irmão de Geddel", relatou o magistrado. Além disso, a PF encontrou digitais do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) nas notas dos R$ 51 milhões que estavam no bunker, em Salvador.

Vallisney anotou ainda na decisão. "Além do fato de que Sílvio Silveira (dono do apartamento onde a busca e apreensão foi realizada) ter informado que emprestou o imóvel ao referido irmão de Geddel, o que foi confirmado, também, pelas declarações de Patrícia dos Santos, administradora do Condomínio correspondente. A autoridade policial explica que foi realizado exame pericial no dinheiro apreendido, no qual os Peritos lograram localizar alguns fragmentos de impressões digitais de Geddel Quadros Vieira Lima e de Gustavo Pedreira do Couto Ferraz no material."

Foram apreendidos R$ 51 milhões - R$ 42.643.500,00 e US$ 2.688.000,00. O dinheiro foi depositado em uma conta judicial.

Geddel estava em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica. O ex-ministro havia sido preso em 3 de julho e mandado para casa em 12 de julho.

A primeira prisão de Geddel teve como base um depoimento do corretor Lúcio Bolonha Funaro. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República em Brasília, Funaro disse ter entregue ‘malas ou sacolas de dinheiro’ ao ex-ministro. O corretor declarou ter feito ‘várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima’.

"Essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar, localizada no aeroporto de Salvador/BA, diretamente nas mãos de Geddel", declarou Funaro.

Em agosto, Geddel se tornou réu por obstrução de Justiça. O ex-ministro teria atuado para evitar a delação premiada do corretor Lúcio Funaro, que poderia implicá-lo em crimes de corrupção na Caixa Econômica Federal.