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Em Brasília, Fórum Mundial da Água ocorre a poucos metros do racionamento

André Borges

Brasília

19/03/2018 15h38

A poucos metros do estacionamento do Estádio Mané Garrincha, onde o governo do Distrito Federal ergueu estruturas para sediar o 8º Fórum Mundial da Água, as torneiras estão secas, sem uma gota de água sequer.

É dia de racionamento em praticamente toda a Asa Norte, região do Plano Piloto de Brasília, que sedia o evento internacional. Não há falta de água na área do estádio e do Centro de Convenções Ulisses Guimarães, mas a população que mora a menos de 500 metros dali está sem água, por causa da crise hídrica que atinge o Distrito Federal, situação que ainda não tem data para acabar. Quem tem água na região está utilizando caixa d'água.

Os protestos pela falta de água durante o primeiro dia do evento foram marcados pela presença de agentes da Polícia Civil, que levaram um boneco inflável gigante do governador do DF, Rodrigo Rollemberg, para o local de acesso ao centro de convenções. A água, no entanto, era apenas pretexto para o barulho dos policiais. O que os agentes realmente cobram é a equiparação de seus salários com os da Polícia Federal. Com faixas em português e inglês, os policiais criticaram a incapacidade do governo de resolver os problemas básicos de sua gestão, quanto mais lidar com o racionamento que afeta a região há mais de um ano.

O trânsito segue intenso nesta segunda-feira, 19, nas áreas próximas do evento. Como o governo pôs estruturas do fórum para funcionar dos dois lados do chamado "Eixo Monumental" de Brasília, principal via de acesso à Esplanada dos Ministérios, as pessoas são obrigadas a andar por cerca de dez minutos debaixo do sol quente e cruzar a avenida para chegar a cada uma das estruturas do evento. Há falhas na sinalização e pessoas ficam zanzando, procurando a entrada das estruturas ao lado do estádio.

Na abertura oficial do fórum, no Ministério das Relações Exteriores, Rodrigo Rollemberg disse que o DF sairá do rodízio de água até o fim deste ano. Sua gestão culpa o atraso de obras de governos anteriores pelos problemas atuais com o abastecimento.

A previsão é que, até sexta-feira, dia 23, cerca de 40 mil pessoas participem do evento, que projeta receber 5 mil estrangeiros. A última edição do encontro, em 2015, foi realizada pela Coreia do Sul. Antes, o evento passou por França, Turquia, México, Japão, Holanda e Marrocos.