Juristas pedem que Supremo se limite à sua competência
Professor emérito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o advogado Ives Gandra da Silva Martins afirmou que o documento, assinado por 80 juristas, foi motivado pela situação de "desconforto" em que o Supremo se encontra em relação ao caso do ex-presidente. O manifesto foi lançado pela Academia Paulista de Letras Jurídicas.
"Qualquer decisão que o STF tomar no dia 4 de abril será criticada", afirmou Martins. "O Supremo foi colocado nesta situação por excesso de ativismo jurídico".
O jurista também citou a crítica do manifesto ao "protagonismo excessivo" que os colegiados passaram a ter a partir dos governos petistas. Um dos exemplos deste novo perfil da Corte, segundo Martins, são as agressões verbais que ocorreram em sessões recentes. Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso chamou o colega Gilmar Mendes de "mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia".
"Havia sempre uma dignidade própria das discussões jurídicas no STF. As agressões verbais têm levado as discussões do Supremo a ganharem conotações políticas próprias do Poder Legislativo", disse Martins.
Ele cita alguns episódios em que o STF incorreu em competências do poder Executivo, como a suspensão pela Corte do indulto de Natal do presidente Michel Temer, e do Poder Legislativo, como a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
"Os ministros não podem substituir nem o Executivo nem o Legislativo, eleitos por 140 milhões de brasileiros. Eles são um poder técnico, não político", disse. "Sei que o Barroso é um idealista, mas a função do Supremo é ser guardião da Constituição".
Insegurança
Para o presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas, Ruy Altenfelder, a maioria da população está "insegura com os destinos do País".
"Os dispositivos básicos da Constituição Brasileira estão estremecidos. O primeiro deles: todos estão iguais perante a lei. O outro: os poderes são independentes e harmônicos entre si. O que temos hoje não é a independência dos poderes, mas o ativismo judicial", afirmou.
Na avaliação de Altenfelder, o maior risco de uma situação de insegurança jurídica é a anarquia. O presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas cita os ataques à caravana de Lula no interior do Paraná como sinal dos "nervos à flor da pele" no País atualmente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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