Suspense até o final marca voto da ministra Rosa Weber
A presidente do Supremo estava em estado de alerta desde o começo da sessão, nas primeiras horas da tarde de ontem, quando o voto fora da ordem do ministro Gilmar Mendes criticou-a por não colocar em votação duas ações declaratórias de constitucionalidade que discutiriam a questão de fundo - se a execução provisória da pena após a segunda instância atropela ou não o princípio constitucional de presunção da inocência - e sim o HC 152752, personalizado na figura do ex-presidente da República, condenado na primeira e na segunda instâncias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Pegando uma carona no voto fora da ordem de Mendes, o ministro Marcos Aurélio espicaçou a presidente da Corte: "Em termos de desgaste, a estratégia não poderia ser pior", disse, ainda ressabiado por Carmem Lúcia ter dito, tempos atrás, que colocar as ADCs em julgamento seria "apequenar o tribunal".
A ministra disse que o contexto do comentário não era bem aquele - e também não deixou sem resposta comentários semelhantes do ministro Ricardo Lewandowski.
Algumas horas depois, já durante a noite, Marco Aurélio modificou sua frase: "Venceu a sua estratégia, de não ter colocado as ADCs em votação", disse à colega ministra em tom acusatório. Estava claramente contrariado, como o vizinho de poltrona, Lewandovski, com o voto da ministra Rosa Weber - só passível de adivinhação depois de pelo menos vinte minutos de peroração.
Pareceu, esse tempo todo, que a ministra mais incógnita do tribunal queria realmente prolongar a dificuldade do entendimento. E os argumentos mais pareciam, no ir e vir, com a distribuição aleatória das bolonas e bolinhas brancas de sua elegante echarpe preta. Ao final do voto, enfrentando as farpas de Marco Aurélio e Lewandowski, parecia satisfeita em ter somado com a maioria apertada que não concederia o HC.
Rosa Weber era toda a expectativa de quem torcia pelo ex-presidente Lula. Foi voto vencido, afinal, na decisão de 6 a 5 que possibilitou a prisão em segunda instância. Tudo bem que passou a votar com a maioria, na turma, em nome da colegialidade, mas no plenário podia ser o caso, como ela mesma admitiu, de votar com a sua posição pessoal. Não foi assim.
Pouco antes de votar, antecedendo Rosa Weber, o ministro Luis Roberto Barroso revelou que acabara de tirar da face uma marca de beijo. Dias Toffoli sugeriu que era de Rosa Weber, riram todos, e um radiante Barroso disse que se fosse assim não teria problema.
Barroso votou por inacreditáveis 1 hora e 18 minutos. Como sua fala já vem com edição, e é de clareza cristalina, sabe se fazer entender e dar recados precisos a plateias diversas. Exerce a vaidade com desenvoltura, e não percebe, muitas vezes, que está ensinando padre nosso para vigários ou freiras experimentados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.