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Deputado Paulo Melo (MDB) nega acusações de corrupção no Rio

Fábio Grellet

Rio de Janeiro

09/07/2018 21h16

Acusado de integrar um esquema de corrupção passiva e ativa no Estado do Rio de Janeiro, o deputado estadual Paulo Melo (MDB) negou todas as acusações durante depoimento prestado à Justiça Federal nesta segunda-feira, 9. Ele disse que recebeu doações da Odebrecht em algumas eleições, mas sempre por intermédio do Diretório Nacional e devidamente registradas.

"Jamais procurei a Odebrecht, jamais estive na sede da empresa. Às vezes, o Benedito Júnior ou o Leandro Azevedo executivos da empreiteira me avisavam que o dinheiro viria pelo Diretório Nacional. Descobri a sede da Odebrecht por acaso, porque ficava no mesmo prédio de um restaurante onde cheguei a almoçar", narrou.

Melo negou ter influenciado a contratação de qualquer pessoa por órgãos públicos estaduais, e afirmou que seu filho, formado em administração, é funcionário nomeado do Tribunal de Contas do Estado por seus próprios méritos. "Tanto que foi mantido pela atual presidente".

"Não houve nenhuma troca, não fiz nada para que meu filho fosse nomeado", afirmou.

O deputado admitiu que pediu a um assessor que, em dezembro de 2011, sacasse dinheiro da conta de Melo, em um caixa dentro da Assembleia Legislativa, para pagar funcionários particulares do deputado. Mas, segundo ele, essa foi uma exceção e o assessor não prestava serviços particulares a Melo. "Pedi porque isso podia ser feito dentro da Assembleia".

O caso

As investigações apontaram que o presidente da Alerj, Jorge Picciani, seu antecessor Paulo Melo e o líder do governo na Casa, Edson Albertassi, usaram seus mandatos a serviço da corrupção passiva e ativa e para lavagem de dinheiro. Junto com o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), eles teriam formado uma organização que recebia repasses da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), que controla o setor no Rio. O esquema estaria em vigor desde a década de 1990. Os pedidos do MPF de reparos de danos do esquema somaram R$ 270 milhões.

Acordos de delação anexados na investigação também apontaram que a construtora Odebrecht também teria repassado recursos aos políticos. Três núcleos operariam no esquema: o político, com os três parlamentares; o econômico, com os executivos da Odebrecht e da Fetranspor; e o financeiro, com operadores.

O MPF detectou que Picciani, presidente afastado da Alerj, recebia propinas desde os anos 1990 e não deixou de obter esses recursos nem entre 2011 e 2014, quando ficou sem mandato. Além disso, apontou que o deputado e seu filho, Felipe Picciani, usaram a agropecuária Agrobilara para lavar ativos via operações de venda de gado.

Já Melo, ex-presidente da Alerj, teria recebido falsas doações da Odebrecht para sua campanha eleitoral, por meio de empresas "laranjas". Albertassi foi acusado, entre outros fatos, por receber repasses mensais da Fetranspor entre 2012 e março de 2017, com movimentações financeiras por intermédio de rádios de sua família.