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Voto útil não vinga; Ciro e Marina atacam Haddad em debate

Marianna Holanda, Ricardo Galhardo, Daniel Bramatti e Daniel Wetermann

São Paulo

27/09/2018 11h21

A expectativa de que o chamado voto útil beneficiasse candidatos à Presidência localizados no pelotão abaixo dos dois primeiros colocados - Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) - não se confirmou, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto. O petista e o capitão da reserva são os que possuem os maiores porcentuais de voto convicto, de acordo com levantamento da CNI/Ibope divulgado nesta quarta-feira, 26.

Reflexo dessa situação de estabilidade no topo da corrida presidencial, representantes da centro-esquerda, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), fizeram embates diretos e partiram para o confronto com Haddad no debate promovido pelo SBT, UOL e "Folha de S.Paulo".

A pesquisa Ibope contratada pela Confederação Nacional da Indústria mostrou Bolsonaro com 27% das intenções de votos e Haddad com 21%. No pelotão de baixo, Ciro tem 12%, Geraldo Alckmin (PSDB), 8%, e Marina, 6%. Os principais candidatos oscilaram dentro da margem de erro em relação aos números do mesmo instituto divulgados na segunda-feira em pesquisa encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela TV Globo.

Enquanto Bolsonaro permanece internado se recuperando de uma facada que levou no dia 6 deste mês - e foi citado poucas vezes no debate -, Haddad participou de seu segundo encontro com os presidenciáveis. Desta vez, foi alvo até de adversários do seu campo ideológico.

'Sem o PT'

Logo no primeiro bloco, Haddad travou embate com Marina, sua colega de Esplanada na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato. Um tentou "responsabilizar" o outro pelo governo do presidente Michel Temer.

A candidata lembrou que Haddad foi nesta eleição "pedir bênção" do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff. "Quem botou o Temer lá foram vocês. Ele traiu a Dilma e não teria conseguido chegar à Presidência se não fosse a oposição", rebateu o candidato do PT.

Marina disse ainda que num possível segundo turno entre o petista e Bolsonaro, como indicam as pesquisas, ela não apoiaria nenhum dos dois. Em 2014, a candidata apoiou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT).

Ciro, que evitou fazer críticas ao PT durante a campanha, confrontou nesta quarta-feira a legenda. "Se puder governar sem o PT, eu prefiro. O PT representa uma coisa muito grave, porque transformou-se numa estrutura de poder odienta que acabou criando o Bolsonaro, essa aberração."

Vice

Pouco depois, questionado sobre a participação de Lula em um eventual governo, Haddad desviou da pergunta para responder à crítica de Ciro. "Acabo de ver Ciro dizendo que não pretende governar com o PT, mas poucos meses atrás me convidava para ser vice, dizendo que seria a chapa do 'dream team'. Não é assim que se faz política, demonizando quem não está junto", afirmou o petista.

Depois do debate, Haddad minimizou os atritos com Ciro e Marina. Segundo ele, os embates não inviabilizam um apoio deles à sua candidatura num segundo turno.

A atuação de Alckmin frustrou os aliados, de acordo com informações do site BR18, do Grupo Estado. Na véspera, ele ouviu de um desses apoiadores: "Ou você parte para cima ou acabou". Depois do debate, o clima no entorno do ex-governador era de frustração e ceticismo.

Diante dos dados das mais recentes pesquisas, a avaliação entre as campanhas é de que só um fato novo poderá reverter o quadro polarizado entre Bolsonaro e Haddad. Desde o dia 5, a taxa de intenção de voto nulo ou em branco caiu de 21% para 11%, segundo o Ibope, e a de indecisos permaneceu na faixa de 7%. As taxas nessa mesma época em 2014 eram 7% de branco e nulo e 5% de indecisos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.