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PF assume investigação de tiroteio em Juiz de Fora e apura ação de quadrilha

Reprodução/TV Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo

Bruno Ribeiro, enviado especial, com colaboração de Leonardo Augusto, especial para a AE

Em Juiz de Fora (MG)

26/10/2018 08h11

O tiroteio ocorrido na semana passada em Juiz de Fora entre policiais de São Paulo e Minas, que terminou com um agente mineiro morto e a apreensão de R$ 14 milhões em notas falsas, passou a ser investigado pela Polícia Federal. Nesta quinta-feira, 25, morreu um dos empresários envolvidos na suposta troca de reais por dólares. Jerônimo da Silva Leal Júnior estava internado desde o confronto.

A PF já apura se o caso tem ligação com uma quadrilha que aplica golpes com cédulas falsas em pessoas de todo o país e tem base na Zona da Mata mineira. Segundo o delegado Ronaldo Campos, titular da PF na cidade mineira, um inquérito foi aberto em novembro e está em sigilo. Nesta semana, o ouvidor das Polícias de São Paulo, Benedito Mariano, pediu atuação federal nas apurações do tiroteio. A solicitação acabou anexada a esse procedimento.

A investigação federal teve início após um ourives trocar 200 gramas de ouro e US$ 25 mil com um suposto comerciante de Belo Horizonte, por R$ 250 mil. Posteriormente, o ourives descobriu o golpe quando foi depositar o dinheiro falso em uma agência do Banco do Brasil na cidade. Na sequência, os federais já rastrearam vítimas de São Paulo, do Recife e de outras cidades mineiras. Juiz de Fora seria justamente o local onde os negócios eram fechados.

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A grande dificuldade da investigação até agora, conforme a reportagem apurou, é que o dinheiro das vítimas, em geral dólares, teria origem ilícita e não declarada à Receita Federal. Assim, quando se tornam vítimas, os donos do dinheiro não procuram a polícia. A origem dos recursos ilícitos também é objeto de outras investigações da Polícia Civil mineira.

No tiroteio da semana passada, o empresário paulista Flávio de Souza Guimarães, representante da empresa AJC Investimentos, se dirigiu à cidade para, segundo informou à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, pegar um empréstimo fora do sistema financeiro nacional com o empresário Antonio Vilela (que se apresentava como Antonio Vasconcelos). Vilela já havia sido preso duas vezes, em 2009 e 2015, por estelionato, tentando repassar notas falsas a terceiros.

Vilela teve ajuda de policiais mineiros, que entraram em confronto com os agentes paulistas contratados por Guimarães como seguranças, no que chamavam "escolta vip", após a constatação de que o dinheiro apresentado pelo mineiro era falso. Vilela e o dono da empresa de segurança contratada por Guimarães, Jerônimo da Silva Leal Júnior, acabaram baleados.

Morte

Leal Júnior se envolveu diretamente no confronto com os agentes de Minas e São Paulo. A principal linha de investigação é de que o policial mineiro Rodrigo Francisco, de 37 anos, que morreu no confronto, teria sido baleado pelo empresário. Leal Júnior também foi alvejado, no abdome, e estava internado em estado grave. Na quinta, morreu no Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora.

Quatro dos nove policiais que faziam a segurança do empresário paulista acabaram presos pelos colegas do agente mineiro morto. A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo ainda não estabeleceu contato com a delegacia da PF de Juiz de Fora. O órgão de controle paulista apura apenas as infrações administrativas praticadas pelos policiais - como fazer bico de segurança e faltar ao trabalho para isso. Os crimes de que eles são suspeitos estão a cargo da Delegacia Regional da Polícia Civil de Juiz de Fora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.