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Ernesto Araújo diz que parceria com EUA é 'por uma ordem internacional diferente'

O diplomata Ernesto Araújo, escolhido por Bolsonaro para o ministério das Relações Exteriores - EVARISTO SA / AFP
O diplomata Ernesto Araújo, escolhido por Bolsonaro para o ministério das Relações Exteriores Imagem: EVARISTO SA / AFP

Eduardo Rodrigues

Brasília

02/01/2019 10h53

Após encontro com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse há pouco que os chefes das diplomacias nos dois países conversaram sobre como trabalhar juntos por uma "ordem internacional diferente". Segundo ele, o Brasil se alinhará com países grandes e pequenos que comunguem dos mesmos ideais brasileiros.

"Tive uma excelente conversa com Mike Pompeo sobre termos uma parceria mais intensa e elevada com os EUA. Temos várias ideias concretas que começamos a discutir sobre a parceira com o governo americano e vamos discutir nos próximos meses", afirmou o chanceler brasileiro. "Estamos no começo de uma nova etapa nas relações com os EUA, que será muito produtiva. Iremos gerar empregos e oportunidades de negócios e novas iniciativas em todas as áreas", completou.

Pompeo avaliou que as expectativas do povo brasileiro com o governo de Jair Bolsonaro são altas e disse que pode perceber isso ao ver milhares de pessoas acompanharem a posse presidencial ontem na Praça dos Três Poderes. "Estamos comprometidos para trabalhar ao lado do governo brasileiro na área econômica, mas também na área de segurança", disse Pompeo.

Enquanto Araújo apontou que os dois governos irão trabalhar juntos "pelo bem e por uma ordem internacional diferente", Pompeo foi mais incisivo ao afirmar que a parceria se dará "contra os governos autoritários do mundo".

Questionado sobre a mudança de alinhamento ideológico da diplomacia brasileira e se não haveria um "exagero" na aproximação de alguns países em detrimento de outros, Araújo respondeu que é possível aliar diplomacia e interesses econômicos.

"O Brasil está se realinhando consigo mesmo, com seus valores e com o povo brasileiro. Nos aproximaremos de grandes e pequenos países que comungam dos nossos ideais. O Brasil tem que se colocar como um país grande, e um país grande não precisa renunciar aos seus valores para criar oportunidades comerciais", considerou.

Para Pompeo, as nações tendem a trabalhar melhor juntas quanto compartilham valores, e o povo americano compartilha com o povo brasileiro os mesmos valores de democracia e liberdade. "Vi uma transição de governo pacífica ontem, e isso não acontece em todos os lugares do mundo. As pessoas em Cuba, Venezuela e Nicarágua não têm essa oportunidade", afirmou, após dizer que deseja que a democracia retorne à Venezuela.

Perguntado sobre a afirmação de Donald Trump de que era "difícil" fazer negócios com o Brasil, Pompeu respondeu que o presidente norte-americano considera importante que as relações econômicas sejam conduzidas de maneira transparente. "Transações comerciais devem se basear na economia e não serem direcionadas por razões políticas", explicou.

A imprensa internacional ainda perguntou se o governo americano teria alguma preocupação com a possível redução da proteção aos direitos humanos no Brasil, dado o discurso de Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Pompeo deixou Araújo responder primeiro, e o chanceler brasileiro garantiu que não há razão para temer uma diminuição da proteção aos direitos humanos no Brasil.

"Isso é um resquício da campanha eleitoral. O compromisso do governo brasileiro com os direitos humanos é absoluto. Inclusive queremos aumentar a proteção a alguns direitos que não estão sendo defendidos", enfatizou.

O secretário americano então acrescentou que os EUA são consistentes em defender os direitos humanos em todo o mundo. "A conversa na manhã de hoje mostrou que Brasil está comprometido com os direitos humanos", concluiu.