Mudar diretoria da Vale nunca foi fácil, diz ex-diretor
O diretor, que prefere não se identificar, lembra que mesmo com a pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, somente com a entrada da ex-presidente Dilma Rousseff foi possível trocar de gestor, com a nomeação de Murilo Ferreira para o cargo. Lula acusava Agnelli de investir mais no exterior do que no Brasil e se indispôs publicamente com o falecido executivo quando a Vale decidiu comprar navios chineses, em vez de prestigiar os estaleiros brasileiros, setor defendido por Lula desde a campanha eleitoral de 2002 até o fim do seus segundo mandato.
A Vale também passou por uma reestruturação societária em 2018, visando o Novo Mercado, quando a figura da Valepar, controladora da empresa foi eliminada, e os principais acionistas passaram a deter ações diretamente na companhia, somando juntos 38,87%. O maior acionista é a Litel, com 22,57%, empresa formada pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Funcesp (Cesp). A Previ tem 80,6% da Litel, e por consequência, 21,33% da Vale.
Os outros acionistas são a BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com 3,68%; a Bradespar, do banco Bradesco, com 6,78% e a japonesa Mitsui com 5,83%.
Para mudar a diretoria, explica o ex-diretor, o Conselho de Administração da Vale tem que se reunir e votar em maioria simples. A reunião tem que ser convocada pelo presidente do Conselho da Vale, que representa a Previ, e os demais sócios precisam concordar em sua maioria. Segundo ele, se o governo pressionar a Previ e o BNDES os outros sócios não devem votar contra, como aconteceu no período de Dilma Rousseff, que conseguiu tirar Agnelli com a concordância do Bradesco, que havia indicado o executivo que ficou 10 anos na presidência da mineradora.
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