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Índia pró-Bolsonaro recebe convite do presidente para viagem da comitiva aos EUA

Ysani Kalapalo  - Reprodução/Facebook
Ysani Kalapalo Imagem: Reprodução/Facebook

Mateus Vargas

Brasília

21/09/2019 19h21

A índia Ysani Kalapalo, moradora de aldeia no Parque Indígena do Xingu, ao norte de Mato Grosso, deve acompanhar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Defensora do discurso do governo de que notícias falsas distorcem informações sobre as queimadas na Amazônia, Ysani foi convidada por Bolsonaro para viajar com a comitiva federal aos Estados Unidos, na manhã desta segunda-feira, 23.

A notícia foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão/Broadcast Político com fonte do Palácio do Planalto. O mesmo auxiliar do presidente nega que o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, do canal Terça Livre, acompanhará a comitiva. Bolsonaro compartilhou nas redes sociais nesta quarta-feira, 18, vídeo da índia sobre os incêndios na Floresta Amazônica.

Na gravação, Ysani aparece na aldeia e afirma: "Existe muitas fake news sobre as queimadas, que é culpa do governo Bolsonaro... Não existe isso aí". Segundo ela, as queimadas são parte da cultura local para limpar terrenos. "Não é porque entrou novo governo que ele tá queimando tudo", afirmou.

De acordo com auxiliares que acompanham os preparativos para a viagem a Nova York, Bolsonaro está "animado" com a oportunidade de defender, no discurso de abertura do evento, a própria versão sobre o fogo na Amazônia e a política sobre meio ambiente do Poder Executivo.

A comitiva do presidente partirá de Brasília nesta segunda-feira. Bolsonaro deve discursar na abertura da Assembleia-Geral da ONU na terça-feira, 24. O retorno ao Brasil será na quarta-feira, 25. O Estadão publicou que ele deve valer-se do discurso para enviar "recados" à comunidade internacional. A previsão é de que Bolsonaro repita que o Executivo brasileiro não tolera crimes ambientais, defenda a soberania no País, mostre dados para reforçar que as queimadas estão na média de anos anteriores. O pronunciamento ainda deve sugerir que há "má vontade" de outros países com a sua gestão.

O Palácio do Planalto não confirma os nomes que irão a Nova York. O Estadão/Broadcast Político apurou que devem viajar aos EUA a primeira-dama Michelle Bolsonaro, os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Augusto Heleno; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; do Meio Ambiente, Ricardo Salles; de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Além deles, o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten; o médico da Presidência Ricardo Camarinha; o assessor para Assuntos Internacionais, Filipe Martins; o chefe da assessoria especial, Célio Júnior, e o diplomata Carlos França. Ainda participam da delegação os presidentes das Comissões de Relações Exteriores (CRE) da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e virtual indicado ao cargo de embaixador do Brasil nos EUA, e do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS).

O Palácio do Itamaraty confirma que o Planalto pediu credenciamento na delegação brasileira de aliados do líder da oposição ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, Juan Guaidó. "Essa medida excepcional foi tomada como forma de assegurar a devida representação na ONU, que aceita apenas nomes indicados pelo regime ditatorial de Caracas", afirma o Ministério das Relações Exteriores.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.