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Ceará transfere 257 presos após onda de violência

Dois ônibus escolares são incendiados na porta da prefeitura de Jucás, no Ceará - Reprodução
Dois ônibus escolares são incendiados na porta da prefeitura de Jucás, no Ceará Imagem: Reprodução

Lôrrane Mendonça, especial para o Estado

Em Fortaleza

25/09/2019 07h09

Após cinco dias com 38 ataques a ônibus, carros e caminhões nas ruas, o Ceará prendeu 31 suspeitos e transferiu 257 detentos supostamente ligados à facção criminosa que ordenou o vandalismo. Em Fortaleza, o transporte público circula com frota reduzida e escolta policial por causa da onda de violência. O governador Camilo Santana (PT) já disse que não vai ceder às vontades dos bandidos.

O governo cearense atribui os ataques a uma reação ao enfrentamento ao crime organizado no estado. Nas redes sociais, Camilo Santana afirmou que "a possibilidade do retorno às regalias nos presídios é zero" e informou que reuniu a cúpula da Segurança Pública para tratar dos atos criminosos. Conforme o Estado, o contingente policial foi reforçado nos últimos dias, com retorno às atividades de agentes que estavam de férias e a suspensão de cursos.

Além das ações criminosas na capital, houve registro de crimes em cinco municípios: Canindé, Quixadá, Quixeramobim, Paracuru e Jucás. Já na capital, ainda na manhã de ontem, bandidos atearam fogo a uma concessionária de carros no bairro Dunas. É a segunda vez que essa mesma concessionária sofre com os ataques deste ano.

Na capital, aliás, o sentimento é de revolta. Na manhã de ontem, quem precisou do transporte público para se locomover se deparou com dificuldades nos terminais e nos pontos de ônibus. Por causa dos ataques criminosos, a frota dos ônibus urbanos foi reduzida a 70% - e parte circula com escolta policial.

Para o especialista em segurança pública Luiz Fabio Paiva, os novos ataques são reflexo de um problema já consolidado no estado, desde 2016, com o advento das facções. "Não é um problema pontual. É um problema sistêmico de segurança pública do Estado do Ceará. Em alguns momentos, o resultado desse sistema é mais intenso, como os ataques do começo do ano; em outros, menos intensos, como os que estão acontecendo agora."

Segundo ele, o ideal seria mudar estratégias focando sobretudo em ações com jovens, "que encontram nesses grupos uma maneira de ter um projeto de vida". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.