Empresa que atuou em campanha de Bolsonaro diz que ex-funcionário mentiu em CPI
Um dos donos da AM4 Brasil Inteligência Digital, empresa que prestou serviço à campanha de Jair Bolsonaro (sem partido), o marqueteiro digital Marcos Aurélio Carvalho, afirmou que o ex-funcionário da Yacows Hans River mentiu em seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News.
Em audiência no colegiado hoje, Carvalho afirmou que River deve ser processado e se solidarizou com a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, que insultada pelo ex-funcionário durante seu depoimento à comissão.
"O tal do Hans River foi muito confuso (em depoimento na CPI). Vai ter que ser processado por falso testemunho", afirmou o marqueteiro.
Em seu depoimento, no dia 11 de fevereiro, River disse que a jornalista "queria sair" com ele em troca de informações para uma reportagem sobre a contratação de disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp em campanhas eleitorais - a prática é vedada pela lei eleitoral. O comentário fez com que Campos Mello fosse alvo de ofensas machistas nas redes sociais e do próprio Bolsonaro.
Na ocasião, River também disse não ter feito disparos para a campanha de Bolsonaro, mas para a de candidatos do PT.
O sócio da AM4 Brasil foi chamado a depor na comissão após suspeitas de ter contratado a Yacows para fazer os disparo em massa pelo WhatsApp. No depoimento, Carvalho negou. "Nós condenamos isso veementemente", disse.
Carvalho chegou a integrar a equipe do governo de transição do presidente eleito, mas se afastou antes da posse. A sua AM4 recebeu R$ 650 mil da campanha de Bolsonaro.
Em depoimento na CPI na semana passada, o empresário Lindolfo Antônio Alves Neto, sócio-proprietário da Yacows, negou práticas ilícitas no envio de mensagens durante as eleições de 2018. Lindolfo confirmou que a AM4 contratou os serviços da Yacows para o envio de 20 mil disparos de mensagens. Segundo o sócio da Yacows, porém, foram usadas apenas cerca de 900 mensagens, para aproximadamente 900 destinatários. Lindolfo acrescentou que a AM4 forneceu o cadastro de destinatários e afirmou que não se lembrava do conteúdo das mensagens.
Carvalho admitiu a contratação, mas afirmou que o número usado foi maior, de 8.000 mensagens.
A CPMI das Fake News deve ouvir, ainda nesta quarta-feira, o depoimento de pelo menos mais um sócio da empresa. Eles foram convocados pela comissão a pedido do deputado federal Rui Falcão (PT-SP).
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