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Após ato contra STF, Bolsonaro discursa por harmonia ao lado de Toffoli

18.mar.2020 - O presidente Jair Bolsonaro e o presidente do STF, Dias Toffoli, participam de coletiva sobre o coronavírus - Wagner Pires/Futura Press/Estadão Conteúdo
18.mar.2020 - O presidente Jair Bolsonaro e o presidente do STF, Dias Toffoli, participam de coletiva sobre o coronavírus Imagem: Wagner Pires/Futura Press/Estadão Conteúdo

Julia Lindner, Daniel Weterman e André Borges

Brasília

18/03/2020 20h35

Em pronunciamento no Palácio do Planalto para falar do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de acenos ao Legislativo e ao Judiciário para tentar mostrar "harmonia" entre os poderes. "Nossa União é que dará o norte que o Brasil precisa", disse Bolsonaro.

Além de sentar ao lado do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, Bolsonaro enalteceu o trabalho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em votações relevantes para o governo no Congresso, como a aprovação de estado de calamidade pública, que ocorreu esta noite.

Bolsonaro também lamentou a ausência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), diagnosticado horas antes com o novo coronavírus.

Os gestos de Bolsonaro ocorrem apenas três dias após o presidente da República ter participado de atos que pediam o fechamento do Congresso e do STF. A atitude de Bolsonaro, desde então, mudou não só em relação aos outros poderes, mas também sobre a covid-19, até então tratado como uma fantasia.

Antes de encerrar a sua fala, nesta quarta, Bolsonaro falou que as autoridades do Legislativo, Executivo e Judiciário devem repetir encontros como os da noite de quarta-feira "mais vezes", e não somente enquanto durar a crise gerada pela rápida proliferação da covid-19 no Brasil e no mundo.

O presidente deixou claro que queria mostrar para a sociedade que há união entre os poderes durante a crise.

"Nós queremos mais que demonstrar a união e a harmonia entre todos nós. E essa harmonia obviamente levará a decisões e medidas por parte de todos nós, mas especialmente por parte do Executivo, a conseguirmos meios de bem combater o coronavírus", afirmou o presidente da República.

Em seguida, Dias Toffoli destacou que Executivo, Legislativo e Judiciário estão em "diálogo constante" e que, juntos, devem ser "resolutivos e firmes na adoção de medidas de cautela e preservação". Toffoli enfatizou também o papel do Judiciário e do sistema de Justiça para garantir a "paz social" no País.

Apesar das críticas de Bolsonaro a jornalistas em diversas ocasiões, o presidente do STF disse que a imprensa "tem tido uma atuação impecável" em auxiliar nas informações necessárias à prevenção da sociedade diante do novo coronavírus.

Além de Toffoli, também estavam presentes o procurador-geral da República, Augusto Aras, o advogado-geral da União, André Mendonça, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Mucio, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o ministro da Secretaria-geral, Jorge Oliveira.

Todos usavam máscaras

Inicialmente, havia previsão de que os chefes do Legislativo também participariam do encontro. O cenário mudou, no entanto, após Davi Alcolumbre receber resultado positivo para o exame do novo coronavírus.

Já Rodrigo Maia seguiu com os trabalhos na Câmara e disse que "mais importante do que uma reunião, é aprovar aquilo que é urgente".