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Coronavírus: interior paulista já tem mais mortes que capital e adota até toque de recolher

Vista do centro de Campinas, interior de São Paulo - Luciano Claudino/Código 19/Estadão Conteúdo
Vista do centro de Campinas, interior de São Paulo Imagem: Luciano Claudino/Código 19/Estadão Conteúdo

José Maria Tomazela

26/06/2020 07h40

Com medidas mais drásticas, como toque de recolher e a proibição de bebidas em locais públicos, prefeituras reagem à explosão de casos de coronavírus no interior paulista. Dados divulgados pelo governo mostram que a região já supera a capital em número de mortes acumuladas pela covid-19.

Pelo segundo dia consecutivo, São Paulo registrou mais de 9 mil novos casos de infecção pelo novo coronavírus, chegando a 248.587. O total de novos casos é de 9.765. Nesta quinta-feira, o Estado teve o segundo pior número de mortes confirmadas em 24 horas: 407. A quantidade de óbitos passou de 13.352 para 13.759.

Pela primeira vez, o acumulado de mortes no interior do Estado (6.677) ficou maior do que o da capital (6.675). O secretário executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, destacou, no entanto, que a taxa de incidência da doença por milhão de habitantes na capital (9.244) ainda é muito maior do que no interior, que tem 3.728 pacientes com a doença por milhão. "Isto nos leva a acreditar e projetar o aumento significativo que nós teremos no interior do Estado."

O infectologista Paulo Menezes, membro do centro de contingência, relacionou a situação do interior com o distanciamento social menor. "O vírus, essencialmente, se transmite de uma pessoa para outra. Então, se as pessoas se encontram mais, há uma maior transmissão." Segundo ele, ainda há risco de uma segunda onda da doença em capital e Grande São Paulo.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, buscou reforçar o pedido à população para manter a quarentena no interior, respeitando o distanciamento social e usando as máscaras. "Depende muito de cada um de nós, e de que nós façamos a nossa parte."

Medo

A expansão do vírus acontece em todas as regiões, até em cidades pequenas. Em Capão Bonito, o prefeito Marcos Citadini (PTB) decretou o rebaixamento da cidade da fase laranja para a vermelha (mais rígida). Um decreto que autorizava o funcionamento de bares e restaurantes foi suspenso. A cidade registrou 17 casos positivos em 24 horas. Conforme o prefeito, as ruas devem ficar vazias das 22 às 5 horas. "Vamos determinar toque de recolher. Se for comprar remédio ou for alguma emergência, vamos aceitar, mas em outros casos vamos multar. Quem fizer festa ou aglomeração em casa também será multado e vamos cobrar a multa com o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)."

A prefeitura de Porto Feliz baixou decreto proibindo o consumo de bebidas alcoólicas em ruas, calçadas, praças e outros espaços públicos da cidade para evitar aglomerações. A "lei seca" entrou em vigor ontem. Os bares poderão funcionar em drive-thru até 18 horas. A cidade tem 183 casos confirmados e três óbitos pela doença. O decreto prevê autuação e multa.

Já em Limeira, a prefeitura levou em conta a "evolução considerável da doença na cidade" para suspender a flexibilização e voltar à fase vermelha do plano estadual de reabertura. A cidade registrou 105 casos novos em 24 horas - já são 1.161. Conforme o município, "políticas públicas de maior rigor devem ser implementadas". O passe de ônibus para idoso foi limitado a duas viagens por dia. Ao menos 20 estabelecimentos foram autuados e podem pagar multa de R$ 1 mil.

Porto Ferreira também regrediu da fase laranja para a vermelha. O índice de ocupação dos leitos de UTI chegou a 75%. A prefeitura de Cordeirópolis suspendeu a flexibilização e determinou o fechamento dos órgãos públicos que tinham voltado a funcionar. Em Engenheiro Coelho, todo o comércio voltou a ser fechado e quem descumprir será multado em R$ 1 mil. "Há pouquíssimas vagas de UTI na região", afirmou o prefeito Pedro Franco (MDB).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.