Preso por enganar mulheres, 'galã do Tinder' tem recurso negado na Justiça

Segundo a acusação, dizendo-se chamar Augusto Keller, ele conheceu a vítima em dezembro de 2020. Contou ser engenheiro na construtora Odebrecht, que morava na avenida Paulista e que seus pais haviam morrido em um acidente de carro.

Os contatos virtuais duraram cerca de quatro meses, quando, então, marcaram um encontro em um restaurante de um shopping de São Bernardo do Campo. No almoço, ele pediu a mulher em namoro.

Depois disso, já com o relacionamento em curso, sempre de acordo com o processo, ele começou a falar que passava por dificuldades financeiras, com problemas na Receita Federal, e que possivelmente teria de se mudar para São José do Rio Preto.

Ela, então, lhe emprestou R$ 8.000, diante da promessa de que receberia tudo de volta, com juros, em dois meses. Mesmo sem o ressarcimento, novos pedidos de dinheiro foram sendo feitos, com as mais variadas das desculpas.

A mulher só descobriu a verdade, quando, precisando passar por uma cirurgia, pediu que ele lhe fornecesse seus dados pessoas para indicá-lo como acompanhante no hospital. No dia do procedimento, no entanto, ele não apareceu, alegando estar com Covid. Desconfiada, começou a pesquisar e verificou que o CPF que ele lhe fornecera era falso.

No total, ela disse à Justiça ter perdido R$ 150 mil.

Gomes disse à Justiça ser inocente e que estava pagando os valores emprestados de forma parcelada. Ao pedir a revisão criminal, afirmou que os atos processuais que levaram à condenação são nulos.

Afirmou que não foi devidamente citado pela Justiça, como determina a lei, não tendo recebido a oportunidade de se defender adequadamente durante o processo.

Os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitaram o pedido em decisão tomada no dia 22 de novembro.

"Apesar dos argumentos apresentados pela Defesa, não restou demonstrada qualquer contrariedade à legislação ou à evidência dos autos", afirmou a desembargadora Gilda Diodatti, relatora do processo.

Gomes está preso no CDP II de Guarulhos.

O segundo pedido de revisão criminal ainda não foi julgado.

O pedido foi feito em uma ação no qual o Galã do Tinder foi condenado a uma pena de 15 anos, 6 meses e 20 dias de prisão por ter obtido cerca de de R$ 500 mil em um golpe contra uma outra mulher.

Segundo o processo, ela chegou a pedir empréstimos bancários para ajudá-lo a sair das "dificuldades financeiras."

A mulher acreditou que o namorado queria constituir família e só descobriu ter sido vítima de estelionato quando Gomes foi preso, acusado de aplicar golpes em outras mulheres, e o caso foi divulgado na televisão.

Gomes disse à Justiça que as provas anexadas aos autos devem ser anuladas, uma vez que não houve perícia para comprovar a veracidade das conversas de WhatsApp utilizadas na investigação.

Disse também não haver provas de que ele recebeu o dinheiro.

Revisão criminal é um instrumento jurídico de caráter excepcional em processos que já transitaram em julgado.

Pode ser proposto quando se descobre que a sentença que condenou o réu contrariou o que foi provado no processo, quando a condenação se baseou em provas falsas ou quando surgirem novas provas de inocência do condenado.