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Juiz manda reabrir restaurantes de BH e diz que mídia impõe 'medo e desespero'

Magistrado ainda fez duras críticas ao prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), a quem chamou de "tirano" - Amira Hissa/Prefeitura de Belo Horizonte
Magistrado ainda fez duras críticas ao prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), a quem chamou de "tirano" Imagem: Amira Hissa/Prefeitura de Belo Horizonte

Paulo Roberto Netto

São Paulo

20/07/2020 18h53

O juiz Wauner Batista Ferreira Machado, da 3ª Vara da Fazenda de Belo Horizonte, chamou o prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), de "tirano" por baixar decreto que barrava o funcionamento de bares, lanchonetes e restaurantes na cidade durante a pandemia do novo coronavírus. Em decisão, o magistrado ordena a reabertura dos estabelecimentos e diz que a mídia impõe "medo e desespero" sobre a doença.

Na opinião do juiz, o decreto de Kalil violou o artigo da Constituição que prevê que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisas senão em virtude da lei".

"Não é isso que estamos presenciando no município de Belo Horizonte, onde a Câmara Municipal está fechada, devido à pandemia, e o prefeito, paradoxalmente, exerce a tirania de fazer leis por decretos, ao bel prazer dele e de seus técnicos da saúde, sem qualquer participação dos cidadãos através de seus parlamentares, como se fossem os únicos que detivessem os dons da inteligência, da razão e da temperança e não vivessem numa democracia", afirmou.

O magistrado afirma que a maioria da população "está cega pelo medo e o desespero, que diariamente lhe é imposta pela mídia com as suas veiculações".

Machado determinou que cópias do processo sejam levadas, 'com urgência', para o Ministério Público mineiro e à Câmara de Vereadores de BH para que sejam apurados "crimes de responsabilidade e de atos de improbidade administrativa" praticados por Kalil ao "legislar por decretos".

O juiz atendeu pedido da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais, que alegava prejuízos sofridos pelos seus filiados devido ao decreto de Kalil. A reabertura foi condicionada ao cumprimento de distanciamento social entre os clientes e condições sanitárias que evitem a propagação do coronavírus, como a suspensão do serviço de self-service.

A Prefeitura de Belo Horizonte vai entrar com recurso e pedir a suspensão da liminar ainda hoje.