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OMS pede que covid-19 não vire 'futebol político' e vê Europa em situação alarmante

Mike Ryan, em entrevista da OMS - Reprodução/OMS
Mike Ryan, em entrevista da OMS Imagem: Reprodução/OMS

17/09/2020 08h00

O principal especialista em emergências da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan, disse que é importante para todos os países terem "mensagens consistentes" sobre a pandemia do novo coronavírus e não torná-la um "futebol político". A declaração veio após ser questionado hoje sobre comentários contraditórios do presidente Donald Trump e das autoridades de saúde dos Estados Unidos. A entidade também alertou para níveis de contágio alarmantes na Europa

Trump se opôs ontem às declarações do diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Robert Redfield, que disse que uma vacina para a covid-19 poderia ser amplamente lançada em meados de 2021 e que as máscaras poderiam ser ainda mais eficazes.

"O que é importante é que os governos, instituições científicas, deem um passo para trás, revisem as evidências e forneçam as informações mais abrangentes e fáceis de entender para que as pessoas possam tomar as medidas adequadas", disse Ryan durante evento que marcou o Dia Mundial da Segurança do Paciente. "É entender a confusão, preocupação e apreensão. E não rir disso e não transformar em algum tipo de futebol político."

Europa alarmante

O nível de transmissão da covid-19 na Europa é "alarmante", afirmou a OMS que se declarou preocupada com a redução do tempo de quarentena decidida ou planejada por alguns países, como a França.

"Os números de setembro deveriam servir de alerta para todos nós na Europa, onde o número de casos é superior aos registrados em março e abril, declarou em Copenhague o diretor da OMS no continente, Hans Kluge.

A agência da ONU também descartou a modificação do tempo de quarentena de 14 dias, recomendado para todos aqueles que já estiveram em contato com o vírus.

"Nossa recomendação de quarentena de 14 dias está baseada em nossa compreensão do período de incubação e transmissão da doença. Apenas a revisaríamos com base em nosso conhecimento científico, o que não é o caso no momento", destacou Catherine Smallwood, diretora para situações de emergência na OMS Europa.

Proteção para trabalhadores da saúde

Quatorze por cento dos casos globais de covid-19, ou seja, 4 milhões dos 29 milhões confirmados, são de profissionais de saúde, destacou a OMS apelando aos governos por maiores esforços para proteger este setor tão atingido pela pandemia.

Em alguns países, esse porcentual chega a 35%, sublinhou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, em seu discurso no Dia Mundial da Segurança do Paciente - este ano especialmente dedicado a homenagear os trabalhadores da saúde.

Na maioria dos países, esses profissionais não representam mais do que 2% ou 3% da população total, então os números mostram o alto risco que esses trabalhadores enfrentam. "A covid-19 nos lembrou do papel vital que os trabalhadores da saúde desempenham em salvar vidas", disse Tedros, que afirmou que, na atual pandemia, eles lidam não só com o risco de contágio, mas também de discriminação ou mesmo de ataques verbais ou físicos.

Além disso, segundo a OMS, um em cada quatro profissionais de saúde afirma ter sofrido ansiedade ou depressão durante a pandemia e um em cada três sofreu insônia.

Covax

Mais de 170 países aderiram ao Covax, uma alocação global de vacinas contra o novo coronavírus coliderada pela OMS que visa impulsionar o desenvolvimento de vacinas para combater a pandemia de Covid-19, informou o diretor-geral da instituição.

"Mais de 170 países aderiram à Covax, ganhando acesso garantido ao maior portfólio mundial de vacinas candidatas", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em comentários pré-gravados em um webinar. O prazo para se associar ao programa termina amanhã.