"Famílias estão adaptando atendimento em casa", alertam peritos em Manaus
A Coordenação Regional da Perícia Médica Federal no Centro-Oeste/Norte, vinculada ao Ministério da Economia, mandou um despacho ao governo alertando que famílias amazonenses têm buscado soluções caseiras para a falta de atendimento hospitalar e que a mortalidade em Manaus está em níveis "muito superiores" aos observados durante a primeira onda da covid-19.
Segundo os peritos, a população tem montado, em suas próprias casas, estruturas para cuidar dos doentes. "Diante da falta de leitos e de insumos, muitas famílias estão adaptando estruturas de atendimento em casa, já que não se consegue vagas para internação", diz trecho do documento, obtido pelo Estadão.
Assinado pelo chefe da Divisão de peritos do Centro-Oeste, Alexandre dos Santos Saraiva, o despacho afirma que o volume de atendimento já levou à saturação da rede privada, que não dispõe de capacidade para atender novos pacientes.
"Na rede pública os esforços do governo estadual e dos representantes do Ministério da Saúde levaram à abertura de novos leitos, mas ainda em quantidade insuficiente para atender à demanda rapidamente crescente", descreve o texto.
Os peritos narram a saga dos pacientes atrás de atendimento nos postos locais de perícia. "O que se observa diariamente no atendimento pericial são pessoas com sintomas respiratórios, às vezes exuberantes, buscando as unidades previdenciárias para se submeterem ao exame pericial, já que não têm outra alternativa para receberem os auxílios a que fazem jus".
Por esse motivo, os peritos pedem que o Ministério da Economia suspenda imediatamente os trabalhos presenciais, que estariam agravando o problema da covid no Estado.
"A necessidade de comparecer ao atendimento pericial está levando estas pessoas, boa parte delas sintomáticas, a se deslocarem pela cidade para chegar até as Agências, na sua maioria utilizando transporte público, a despeito do estado em que se encontram".
Eles sugerem, ainda, que a antecipação de benefícios, "nos moldes feitos entre março e setembro passados", pode ser uma alternativa, e que o governo federal ofereça uma "alternativa temporária para as pessoas que aguardam por perícias médicas e a recomposição de sua renda através do benefício por incapacidade".
Na quarta-feira, 13, foram registradas 215 novas internações hospitalares por covid-19 em Manaus. Na última semana, as internações diárias pela doença superaram a marca de 200. "Além da falta de leitos, nos últimos dias a falta de oxigênio para atender a demanda se tornou um fator agravante da crise", constatou a Coordenação Regional da Perícia Médica.
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