Topo

Esse conteúdo é antigo

MPF denuncia dono da Precisa por propinas de R$ 2,5 mi em contrato com Correios

19.ago.2021 - Francisco Maximiano, sócio-diretor da Precisa Medicamentos, durante depoimento à CPI da Covid - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
19.ago.2021 - Francisco Maximiano, sócio-diretor da Precisa Medicamentos, durante depoimento à CPI da Covid Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Rayssa Motta e Fausto Macedo

São Paulo

30/09/2021 19h37

O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro contra o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, a irmã e sócia dele, Michelli Maximiano Gonçalves, o ex-executivo dos Correios, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, o ex-presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect), José Rivaldo da Silva, e o advogado Alexandre Romano por participação em um suposto esquema que teria favorecido a empresa Global Gestão em Saúde em um contrato com os Correios.

A investigação aponta o pagamento de R$ 2,5 milhões em propinas pela Global, entre 2011 e 2014, em troca da venda de um serviço de seguro para remédios aos funcionários da estatal de entregas.

A denúncia teve como ponto de partida o acordo de colaboração premiada de Alexandre Romano, que é ex-vereador de Americana (SP) pelo Partido dos Trabalhadores (PT). De acordo com as apurações, o convênio com a Global Saúde foi fechado através da Fentect, entidade privada que recebe recursos dos Correios, para burlar a necessidade de licitação.

Em um primeiro momento, a adesão ao plano por parte dos trabalhadores era voluntária. Na fase inicial, Maximiano pagaria uma propina de R$ 50 mil mensais para Romano e Freitas. Em 2013, foi criada a Postal Saúde, entidade sem fins lucrativos que passou a ser responsável pela gestão de saúde dos funcionários dos Correios, incluindo o contrato com a Global. No ano seguinte, a adesão ao 'Vale Medicamento' passou a ser obrigatória, o que fez com que o faturamento da Global Saúde pulasse de aproximadamente R$ 800 mil para R$ 3,2 milhões, segundo a investigação. Como resultado, o valor das propinas pagas também quadriplicou, passando de R$ 50 mil para R$ 200 mil mensais, de acordo com o MPF.

Na tentativa de ocultar a origem dos valores recebidos, Alexandre Romano teria usado uma corretora de seguros e empresas de fachada para simular contratos de prestação de serviços com a Global Saúde.