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Paulinho da Força se diz incomodado com vaias e cancela ato de apoio a Lula

19 dez. 2021 - Deputado federal Paulinho da Força (SD) chega ao restaurante A Figueira Rubaiyat, em São Paulo, para o jantar do grupo Prerrogativas - Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo
19 dez. 2021 - Deputado federal Paulinho da Força (SD) chega ao restaurante A Figueira Rubaiyat, em São Paulo, para o jantar do grupo Prerrogativas Imagem: Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo

15/04/2022 20h49

Após ser vaiado em um encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com sindicalistas e militantes, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, cancelou um ato que havia marcado para 3 de maio, quando anunciaria apoio oficial à pré-candidatura do petista ao Palácio do Planalto.

O dirigente partidário afirmou ao Estadão/Broadcast Político nesta sexta-feira (15) que ainda tem a intenção de embarcar na campanha do petista, mas quer saber agora se o PT realmente almeja uma aliança ampla para disputar a eleição contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Lógico que você fica incomodado, porque eu não estava em um evento com multidão, estava num evento com militância, com lideranças", afirmou Paulinho, que é presidente de honra da Força Sindical.

"Eu fiquei bastante incomodado porque, em nenhum momento, a direção do PT, nem o Lula, nem a Gleisi foram ao microfone dizer que tinha de fazer uma aliança mais ampla, que envolvesse não só o Solidariedade, mas também outros partidos de centro", emendou.

Paulinho enviou nesta manhã uma mensagem para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na qual expressou seu incômodo com a situação e informou que o ato do dia 3 estava suspenso. "Nós continuamos no intuito de apoiar o Lula, mas queremos rediscutir esse formato, saber qual é o pensamento do PT com relação a uma aliança mais ampla, se realmente o PT quer isso."

Lula participou nesta quinta-feira, 14, de um ato político com representantes e militantes das principais centrais sindicais brasileiras, em São Paulo. Presente no evento, Paulinho foi vaiado ao ter seu nome citado.

Alguns petistas costumam lembrar que o presidente do Solidariedade votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. No palco, ao lado de Lula, contudo, estava também o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), anunciado como vice na chapa do petista e que também apoiou, à época, a destituição de Dilma.

Gleisi afirmou ao Estadão/Broadcast Político que na conversa com Paulinho lamentou o ocorrido e reforçou a disposição do PT em manter a aliança.

"(A vaia) Foi de um pequeno grupo e não tem nada a ver com o PT. A maioria da nossa militância entende como importante o apoio e presença do Solidariedade e dele (Paulinho) na coligação com Lula. Repito o que aconteceu nos atos à disputa do movimento sindical. Queremos que ele esteja conosco nessa caminhada", disse a dirigente partidária.

Paulinho e seu partido indicavam há algum tempo que apoiariam Lula na corrida pela Presidência. O dirigente chegou a convidar Alckmin a se filiar à legenda para compor a chapa com o petista.

O ex-tucano negociava também com o PV, mas acabou decidindo migrar para o PSB, após mais de 30 anos no PSDB, sigla que ajudou a fundar. No ato de ontem, Alckmin, que protagonizou embates com o PT no passado, exaltou Lula como o "maior líder popular do País".

Terceira via

O Solidariedade é um dos poucos partidos de centro dispostos a apoiar Lula já no primeiro turno da eleição. O grupo formado por União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania, por exemplo, fechou um acordo para anunciar, em 18 de maio, um candidato único da terceira via ao Palácio do Planalto.

O objetivo é acabar com a polarização entre o petista e Bolsonaro, que lideram as pesquisas de intenção de voto - Lula aparece na frente, mas o presidente tem recuperado terreno.

Nesta quinta-feira, 14, o União Brasil anunciou a pré-candidatura à Presidência do deputado Luciano Bivar (PE), que comanda o partido. Nos bastidores, porém, ele é apontado como um candidato a vice na eventual chapa da terceira via.

Além de Bivar, estão oficialmente na disputa a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB). Uma ala tucana, contudo, tenta emplacar o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

Sem perspectiva de recursos para sua campanha presidencial no Podemos, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, por sua vez, decidiu migrar para o União Brasil, mas a ala do partido liderada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto não tem interesse em lançá-lo ao Planalto.

No fim, o partido optou pelo nome de Bivar, embora o próprio Moro não tenha desistido da ideia de concorrer a presidente e venha dizendo nos últimos dias que ainda está "no jogo presidencial".