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Bolsonaro confunde diretora-geral da OMC com 'presidente da OCDE'

Bolsonaro disse ter se reunido "há dois dias" com a "presidente da OCDE" - entidade cujo comando, na verdade, cabe ao secretário-geral, Mathias Cormann, e não a um presidente - FABRÍCIO COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro disse ter se reunido "há dois dias" com a "presidente da OCDE" - entidade cujo comando, na verdade, cabe ao secretário-geral, Mathias Cormann, e não a um presidente Imagem: FABRÍCIO COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Eduardo Gayer

Brasília

19/04/2022 20h57Atualizada em 19/04/2022 21h29

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se confundiu nesta terça-feira ao relatar sua reunião com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, ocorrida nesta segunda, 18, no Palácio do Planalto.

Bolsonaro disse ter se reunido "há dois dias" com a "presidente da OCDE" - entidade cujo comando, na verdade, cabe ao secretário-geral, Mathias Cormann, e não a um presidente.

Há dois dias, porém, o presidente estava na praia. Ele voltou para Brasília somente ontem após passar o feriado de Páscoa em Guarujá (SP). "Vou dizer a vocês que há dois dias recebi a presidente da OCDE. Veio pedir para nós exportamos mais alimentos, não temos estoque para isso", declarou Bolsonaro no lançamento da Marcha para Jesus, em Cuiabá (MT).

Apesar da confusão, o presidente disse ter pedido a Ngozi Okonjo-Iweala o fim do embargo sobre fertilizantes. "Aproveitei o momento, dado a importância dessa senhora, pedir para ela que embargos de fertilizantes não ocorram no mundo todo, bem como esses fertilizantes não continuem aumentando de preço. Caso contrário, poderemos brevemente estar envolvidos na guerra mais cruel que se possa imaginar. A guerra da segurança alimentar", declarou.

Bolsonaro tem a crise de fertilizantes como um problema grave para o governo, de olho nos impactos do estrangulamento da oferta sobre o agronegócio, uma de suas principais bases eleitorais, e os desdobramentos no preço dos alimentos em ano de eleição.

O chefe do Executivo ainda reclamou de morar no Palácio da Alvorada, em Brasília. "Por melhor que seja o Palácio da Alvorada, com tudo o que se possa imaginar, o silêncio, a solidão é ensurdecedora", declarou o presidente sobre sua residência oficial. "Muitas vezes, me sinto um presidiário sem tornozeleira eletrônica."

O Broadcast Político procurou a Secretaria de Comunicação do governo (Secom) para esclarecer a confusão do presidente, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto.