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Procurador de Registro não admitia mulher na chefia, dizem promotores

Preso preventivamente desde o dia 23, Demétrius responde não só por tentativa de feminicídio, mas também por injúria e coação no curso do processo - Reprodução/Redes sociais
Preso preventivamente desde o dia 23, Demétrius responde não só por tentativa de feminicídio, mas também por injúria e coação no curso do processo Imagem: Reprodução/Redes sociais

Pepita Ortega

São Paulo

30/06/2022 16h01Atualizada em 30/06/2022 16h22

No âmbito das apurações que culminaram na denúncia contra o procurador municipal de Registro Demétrius Oliveira de Macedo, por tentativa de feminicídio da chefe Gabriela Samadello Monteiro, testemunhas relataram ao Ministério Público que o agressor, agora réu, apresentava um 'comportamento diferente do acusado em relação às mulheres com quem ele trabalhava'.

Segundo os promotores Daniel Godinho e Ronaldo Muniz, que subscrevem a acusação contra Demétrius, havia um comportamento diverso nas ocasiões em que o procurador estava sob chefia de mulheres, que não era o mesmo ao apresentado quando estava sob chefia masculina.

Preso preventivamente desde o dia 23, Demétrius responde não só por tentativa de feminicídio, mas também por injúria e coação no curso do processo. O juiz Raphael Ernane Neves, da 1ª Vara de Registro, aceitou a denúncia oferecida pelos promotores Daniel Godinho e Ronaldo Muniz na terça-feira, 28, e desde então foi aberto prazo de dez dias para aos advogados do procurador apresentarem a defesa.

Há uma expectativa dos promotores de que seja realizada uma audiência preliminar em dois ou três meses e que o caso possa ser levado ao Tribunal do Júri em cerca de um ano.

De acordo com as investigações, o procurador passava a não querer receber ordens, acatar as ordens, e 'ficava contrariado de estar sendo chefiado por uma mulher'. Os promotores indicam ainda que, no âmbito do procedimento interno que teria sido o estopim para as agressões dentro da prefeitura, registradas em vídeo no último dia 20, é mencionado um caso de um desacato que o procurador teria praticado contra a chefe.

"Algo assim, de palavras duras, de não querer cumprir algumas funções. Não só quanto à vítima nesse caso, mas quanto a outras mulheres que falam abertamente: quando se tratava de um homem ocupando essa posição de destaque o comportamento era totalmente diferente, de acatar ordem, fazer o trabalho da forma como era pedida, de entregar aquilo que se espera. Quando uma mulher ocupava esse cargo o comportamento se alterava para esse comportamento de enfrentamento, de não se conformar de estar numa posição em que uma mulher ocupa um cargo de superioridade hierárquica", relatou o promotor Daniel Godinho.