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Mulher de Marcola: saiba quem é a primeira-dama do PCC

Marcola e a mulher, Cynthia Giglioli Herbas Camacho - Reprodução/TV Record
Marcola e a mulher, Cynthia Giglioli Herbas Camacho Imagem: Reprodução/TV Record

15/08/2022 19h05Atualizada em 16/08/2022 10h01

Alvo da deferência de assaltantes que devolveram seu telefone celular e o dinheiro desviado de sua conta via Pix após ser roubada, Cynthia Giglioli Herbas Camacho se casou com o chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, em 2007, após sete anos de namoro. A cerimônia foi realizada dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo.

À época, de acordo com funcionários do presídio, onde funciona o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que não permite regalias nem visita íntima, Marcola e Cynthia não se tocaram. Apenas trocaram olhares pelo vidro à prova de bala instalado no parlatório, local onde os presos recebem as visitas e se comunicam por interfone, aparelho pelo qual os noivos disseram o sim.

Antes de se casar com Cynthia, Marcola havia ficado viúvo em 2003, quando Ana Maria Olivatto Camacho foi executada na disputa pelo comando da facção.

De acordo com o que Cynthia relatou ao marido, em conversa de novembro do ano passado, revelada neste domingo, 14, pelo programa Fantástico, da TV Globo, ela foi assaltada dentro de seu carro. "O trânsito parou, tomei um susto tão grande. Demorei uns segundos para voltar ao normal", afirmou Cynthia no Parlatório da cadeia. "Aí devolveram porque viram meu nome. Mandaram entregar lá no salão." Marcola, então, riu da situação. Ela ainda afirmou que o caso aconteceu "na Marginal, via expressa", sem especificar se estava se referindo à do Tietê ou Pinheiros.

Em março deste ano, Marcola, que tem mais de 300 anos de pena para cumprir, foi transferido de Brasília para o presídio de Porto Velho, em Rondônia. Na semana passada, a mulher de Marcola foi alvo da Justiça. Batizada de operação Anjos da Guarda, a Polícia Federal frustrou um plano de resgate de Marcola e de outros lideres da facção criminosa. A operação mirou não só líderes do grupo, mas uma série de advogados que representam os criminosos.

Entre as 13 ordens de busca e apreensão cumpridas pela PF no Distrito Federal (Brasília), em Mato Grosso do Sul (Campo Grande e Três Lagoas) e em São Paulo (São Paulo, Santos e Presidente Prudente), o juiz da 15ª Vara Federal de Brasília listou a mulher de Marcola. Ela é apontada pelos investigadores como a pessoa que repassa informações de forma codificada a respeito da situação das pessoas que estão envolvidas no plano de resgate.

Este não é o primeiro problema de Cynthia com a Justiça. Ela esteve detida em 2005, acusada de colaborar com o PCC, do qual recebia mesada de R$ 15 mil. Os problemas com a Justiça não pararam por aí. Um ano após se casar, Cynthia foi condenada a oito anos de prisão por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha pelo 6º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Em 2020, uma nova operação, feita por policiais da 6ª Delegacia de Investigações sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), teve Cynthia como um dos alvos; além dela também foram alvos seus pais, Marivaldo da Silva Sobrinho e Maria do Carmo Giglioli da Silva, e Camila Giglioli da Silva, Christiano Giglioli da Silva e Francisca Alves da Silva, cunhados do traficante.

A apuração que levou às buscas mirou a evolução patrimonial do grupo que, segundo as autoridades, era incompatível com a renda. O ponto de partida foi a compra de um imóvel de luxo em um condomínio em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Depois disso, os investigadores rastrearam transações imobiliárias milionárias entre os investigados e conseguiram a quebra dos sigilos fiscal e bancário. A suspeita é que as movimentações sejam simuladas e tenham sido subfaturadas como estratégia para ocultar pelo menos R$ 1,9 milhão.

"É certo que a facção criminosa PCC tem proporcionado às lideranças e familiares uma vida de luxo", disse o Grupo de Atuação Especial de Combate do Crime Organização (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo. "De modo geral, verificou-se um grande descompasso entre o acervo patrimonial (imóveis, veículos, etc.) e a movimentação financeira que justificasse as aquisições", completou o Ministério Público.

Até aquele ano, Cynthia, por exemplo, vivia em um condomínio na Grande São Paulo. Entre 2017 e 2019, ela teria feito viagens para a Europa, Colômbia, Peru, Paraguai e Panamá. Como fonte de renda, tem um salão de beleza no bairro de Casa Verde, na zona norte da capital paulista, onde seu celular teria sido devolvido.