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Haddad diz que vai desapropriar terra improdutiva para baretear custo do alimento

São Paulo

14/10/2022 23h45

O candidato ao governo paulista Fernando Haddad (PT) afirmou na noite desta sexta-feira, 14, que, se eleito, vai desapropriar terras improdutivas no Estado, como determina a lei. O ex-prefeito afirmou que sua política será a de promover a reforma agrária em São Paulo, quando necessário, para que o campo cumpra a sua função social e para que o preço do alimento caia.

"Se nós cumprirmos a lei, vai ficar bom para todo mundo. Não podemos considerar a hipótese de invasão de terras produtivas, de um lado; e, de outro, não podemos aceitar que a terra não cumpra sua função social. A lei é muito clara: se a terra cumpre a sua função social ela tem de ser preservada pelo poder público e eu vou fazer cumprir a lei. Se a terra não cumpre função social, não precisa de invasão. Basta fazer chegar ao conhecimento do governador que ele vai desapropriar para fins de reforma agrária para a terra produzir", explicou.

Segundo Haddad, dar o uso correto à terra é necessário para que se produza mais alimentos e se faça baixar os preços. "Hoje, o alimento está muito caro no supermercado porque a produção de alimentos por habitantes está diminuindo no Brasil", completou.

Ao comentar a ausência de seu adversário no debate - Tarcísio de Freitas (Republicanos) faltou ao evento previamente marcado -, o petista criticou a decisão do ex-ministro de reduzir o preço do pedágio na Via Dutra apenas no trecho carioca. Haddad afirmou que vai trabalhar para que os pedágios das rodovias que cortam o Estado tenham o mesmo valor em toda a sua extensão.

"Ele (Tarcísio) estava voltado para os interesses dos cariocas e não aos interesses de todos os que usam a Dutra", afirmou, ressaltando ainda que o candidato do Republicanos é carioca e mudou-se para São Paulo apenas para disputar a eleição.

Fernando Haddad é entrevistado por um pool de veículos de imprensa nos estúdios do SBT em substituição ao debate que havia sido marcado para a data. O evento é promovido também por Estadão, Rádio Eldorado, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil.

Na área econômica, o petista defendeu sua proposta de aumentar em 20% o salário mínimo paulista, chegando a R$ 1.580 já em janeiro de 2023. Ele afirmou que é necessário mudar o cenário atual, onde só empresas ganham. Entre suas metas no campo financeiro está ainda a redução do ICMS que incide sobre os produtos da cesta básica.

"Quem tem mais renda paga, proporcionalmente, menos imposto no Brasil, Quem tem menos renda paga, proporcionalmente, mais imposto no Brasil. E, por quê? Porque os impostos incidem muito sobre o consumo e pouco sobre o patrimônio. O pobre acaba sendo aquele que sustenta o orçamento público. Quem tem o mínimo de compromisso com a justiça social tem de inverter essa lógica. Não faz sentido o mais pobre pagar ICMS sobre a cesta básica. Temos, então, de reduzir o imposto sobre o consumo parra começar. É assim que vamos corrigir as injustiças tributárias do nosso País", defendeu.

Haddad não deixou claro, no entanto, se pretende propor uma nova forma de tributação no Estado. O petista defendeu que ricos paguem mais impostos sem explicar como se daria essa mudança, que, em tese, depende de um projeto a ser aprovado no Congresso Nacional. Quando prefeito, sua gestão em São Paulo ficou marcada, entre outros fatores, por sua tentativa de aumentar o IPTU especialmente nas regiões mais nobres da cidade.

Orçamento secreto

Quando teve a oportunidade, o petista usou de seu tempo para associar Tarcísio de Freitas ao governo Jair Bolsonaro e ao orçamento secreto. Haddad disse que não vê problema em manter quadros tucanos em um eventual governo seu no Estado, mas afirmou que não aceitará indicados pelo Centrão.

"Você não entra e sai demitindo. Você tem novas prioridades, mas há técnicos que podem acompanhar o chefe do Executivo nessas novas prioridades para que não haja descontinuidade", disse. "Mas quero dizer que a primeira providência que eu vou tomar é pedir para o Centrão sair do governo. O Centrão não está no governo por questões técnicas, mas por outras razões. Não vou tolerar esse toma lá, dá cá. Fico atônito de ver como o meu adversário diz com todas as letras que a turma do Centrão virá para São Paulo, inclusive com o orçamento secreto."

O petista afirmou ser possível fazer em São Paulo um "governo de coalizão" sem interromper o que funciona no Estado. Haddad destacou que, ao se tornar ministro da Educação no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mudou as prioridades da pasta, mas sem descontinuar o trabalho anterior. "Não há contradição entre uma coisa e outra. Em uma República você faz assim: uma análise criteriosa dos programas, continua e até expande o que está dando certo e inova para atender aos anseios da população", disse, ao responder a uma pergunta sobre como mudará a forma de governar São Paulo se faz campanha ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), que governou São Paulo por 13 anos.

Segurança Pública

Ao comentar sobre seus planos de aumentar os efetivos das polícias Civil e Militar, o candidato informou que pretende estabelecer metas para a segurança pública em São Paulo. "Eu penso que ao se rever uma carreira é preciso pactuar um pacote com essa carreira. Temos de contratar mais investigadores, delegados, policiais militares. A reposição dos aposentados tem de ser feita também, mas precisamos associar isso a determinado cumprimento de metas de redução de crimes patrimoniais, por exemplo. Qual o compromisso que teremos? E isso deve ser estabelecido em comum acordo porque não adianta termos metas inatingíveis", explicou.

Haddad disse ainda que é preciso dar prioridade à prevenção de crimes contra a vida e também crimes rurais, que, segundo ele, explodiram na região do Vale do Paraíba, no interior. Desta vez, o ex-prefeito não falou do programa de câmeras nos uniformes de parte dos PMs, mas sua campanha defende a manutenção e até ampliação do programa.