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Tebet deve ficar com Planejamento turbinado com PPI mas sem BB e Caixa

Brasília, 26

26/12/2022 21h07

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) deve ser escolhida nos próximos dias para comandar o Ministério do Planejamento. A participação da emedebista no futuro governo é hoje a principal indefinição envolvendo a Esplanada dos Ministérios do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 26, que a senadora é "muito qualificada" e não vê "dificuldade" em ela assumir o Ministério do Planejamento. "A Simone é uma política muito qualificada, é uma pessoa que sabe trabalhar em equipe, é uma pessoa enfim que estava concorrendo à presidência da República, com muita respeitabilidade. Não vejo nenhuma dificuldade em relação a isso. Muito pelo contrário, acho que é uma pessoa que somou durante a campanha", disse Haddad.

De acordo com relatos do entorno de Lula ouvidos pelo Estadão, ideia é que a pasta comandada por Tebet tenha entre as suas atribuições a gestão do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), responsável por tocar as parcerias público-privadas. Tebet chega na noite desta segunda-feira, 26, em Brasília e deve se encontrar com o presidente eleito amanhã. Lula já definiu o nome de 21 ministros e o restante deve ser anunciado na quarta-feira, 28.

Hoje o PPI está dentro do Ministério da Economia, que será desmembrado no governo de Lula. Inicialmente a ideia era que o programa que toca as concessões e as parcerias público-privadas fosse transferido para a Casa Civil, que será chefiada por Rui Costa.

A senadora, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2022 e termina seu mandato no Congresso neste ano, também pediu que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ficassem sob o guarda chuva do Planejamento, mas a ideia foi de pronto descartada. Tradicionalmente os bancos públicos ficam sob a alçada do Ministério da Fazenda, que a partir de janeiro de 2023 será comandado por Fernando Haddad.

A parlamentar do Mato Grosso do Sul tinha como meta assumir o Ministério do Desenvolvimento Social, mas a pasta foi entregue para o senador eleito Wellington Dias (PT-PI). A senadora chegou a dizer que não aceitaria comandar nenhuma pasta que não fosse a cuida dos programas sociais, mas passou a avaliar outras opções após se reunir com Lula na semana passada.

Antes de Tebet outros nomes foram cogitados para a pasta. Para balancear com o perfil de Haddad na Fazenda, que é bastante ligado a Lula, a ideia era colocar um economista de tendência mais liberal. Persio Arida, um dos idealizadores do Plano Real, foi convidado, mas recusou. Também houve a tentativa de chamar o economista André Lara Resende, que junto com Arida foi o principal mentor da proposta que deu origem ao Plano Real, mas ele também não aceitou o convite.

Haddad chegou a tentar uma solução dentro da política e sondou o interesse do senador eleito Renan Filho (MDB-AL) para o cargo. No entanto, a bancada do MDB no Senado não aceitou e demonstrou preferência por uma pasta com capacidade de entrega direta a população. A tendência é que Renan Filho seja escolhido ministro do Transportes.

Além de Tebet e do senador eleito por Alagoas, o MDB também deve emplacar um indicado no Ministério das Cidades. No entanto, ainda há indefinição. O governador do Pará, Helder Barbalho, tem demonstrado preferência para que Jader Filho, seu irmão, seja o escolhido. O Pará elegeu nove deputados federais do MDB neste ano, o que fortalece o governador nas negociações. Apesar disso, parte da bancada da Câmara prefere que o escolhido seja José Priante, que é primo do governador, mas também tem interlocução com mais emedebistas além da bancada do Pará.

Outros partidos também conversam com o presidente eleito para indicar ministros. O União Brasil dá como certa a escolha do deputado baiano Elmar Nascimento para comandar o Ministério da Integração Nacional. Mesmo assim, integrantes do partido vão evitar se classificar como base e já têm um discurso pronto para se desvincular da escolha de Elmar. A ideia é atribuir a indicação ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem o deputado da Bahia é próximo. O esforço para evitar se classificar como lulista se deve a uma tentativa de manter na legenda senadores que são opositores de Lula, como Sergio Moro (PR), Alan Rick (AC) e Márcio Bittar.

Por sua vez, o PSD terá os senadores Alexandre Silveira (MG) na pasta de Minas e Energia e Carlos Fávaro (MT) no Ministério da Agricultura. Além disso, a bancada da sigla na Câmara tenta emplacar o deputado Pedro Paulo (RJ), aliado do prefeito do Rio, Eduardo Paes, no Ministério do Turismo.